Luz na Escola

Capítulo IV

Nina de volta



A fazer lembrar a “blietzkrieg”; o lápis da paz continua a sua tarefa e o médium Xavier recebe esta saudação fraternal de Nina Arueira:


Meus amigos,

É meu coração que vos fala, nesta noite, desejando-vos a paz de Jesus.

Clóvis já vos falou do Evangelho, expondo os seus pensamentos e inspirações, relativos ao fenômeno da sede psicológica que nos reúne em torno das promessas do Cristo. E é com infinita alegria que vos trago a nota alegre de meu agradecimento, misturado de saudade e afeição.

As vozes dos túmulos falam agora, sobre a Terra, de uma vida nova. Por detrás dos sepulcros, uma outra experiência começa. Uma alvorada resplandecente irradia a sua luz em promessas divinas, emergindo dos abismos da morte, e junto de vossos corações eu entoo também o meu hino. É possível que muitos de vós outros estejais animados tão somente de uma curiosidade nobre, em torno de nossa palavra de redivivos. Alguns anseiam pelos fenômenos, outros, por grandiosas revelações. Entretanto, nós consideramos que todos vós estais ansiosos, desejais a verdade, reclamais o caminho. E respeitando todos os vossos princípios, despreocupando-me de qualquer opinião que se não enquadre na paisagem real de nossas afirmativas, agradeço-vos comovida, desejando-vos a paz do coração, porque é com ele que vos falo, nesta hora, na tarefa de cooperação e de boa vontade dentro desta Escola que representa meu santuário.

A todos vós que me conhecestes na senda de realizações materiais eu estendo as mãos fraternas, desejosa de me manifestar plenamente aos vossos corações, com toda a intensidade dos elementos espirituais que me positivassem a presença de modo insofismável. Todavia, entre nós existe a fronteira psíquica das impressões diversas em dois mundos diferentes e tenho de me resignar com os valores do sentimento, dirigindo-vos a mensagem de minha afeição agradecida.

Sim, fala-vos agora uma Nina diferente daquela que identificáveis na vida material. Aí eram as preocupações puramente terrestres que podíeis apreender em minha alma. Agora é a minha personalidade real, ansiosa por conquistar essa água viva do amor a que Clóvis se referiu em sua exposição doutrinária sobre o Sermão da Montanha. (Lc 6:20) Agora é o esforço, o desejo sadio de trabalhar com Jesus e por Jesus, construindo as belezas misteriosas de seu reino, que deverá resplandecer em nossos Espíritos para a vida eterna. E agradecendo-vos por todas as alegrias que me trouxestes, nesta noite, desejo-vos a paz celestial no íntimo, essa que constitui o maior tesouro para as almas.

Em nossa tarefa de Espiritismo, nunca poderemos esquecer que a nossa missão é a de restaurar os valores da crença pura. O homem moderno carrega consigo o patrimônio das mais avançadas filosofias científicas e religiosas. Por todos os lugares surgiram as construções materiais mais preciosas em matéria de caridade e fé. No entanto, é esse mesmo homem forte e poderoso na Terra que erige o catafalco de suas riquezas, que opera a destruição e arruína os espíritos.

Os quadros tormentosos de vossa atualidade no mundo afirmam a precariedade de todos esses valores materiais que pareciam assombrosos. A onda de destruição procura assenhorear-se de todas as criaturas. Mas é que, de modo geral, o homem ainda não descobriu a grandeza eterna de sua filiação a Deus, nem se capacitou da necessidade de transformar todos os obstáculos de seu caminho terrestre em degraus de escada infinita, que deverá escalar para a felicidade de seu próprio destino espiritual, cuja beleza está aureolada por ilimitadas perspectivas.

Eis, pois, meus amigos, que aliando as minhas palavras às afirmativas de Clóvis, nesta noite, convido-vos a partilhar conosco do bom trabalho na Escola Jesus Cristo, considerando que todos os nossos valores planetários são os da Terra, como escola bendita de Jesus na preparação de todos os Espíritos encarnados para a glória infinita do Reino de Deus.

E a todos vós, amados, que aqui trabalhais em nome do Mestre divino, lembrando-me, muita vez, a memória humilde e singela, irmãs e irmãos dos mais necessitados do caminho da vida que amparais o infortúnio, que não vos fazeis surdos aos apelos do Evangelho, deixo-vos a todos o meu coração reconhecido, rogando a Jesus, Senhor e Mestre, que nos reúna as aspirações numa só esperança, os ideais numa só força, as atividades evangélicas num trabalho só, esperando com a mesma sinceridade no esforço comum possamos levar às realizações indestrutíveis o nosso bendito idealismo de bem trabalhar com Jesus.




Nota da Editora: Blitzkrieg — termo alemão para “guerra-relâmpago”.