Mãe Antologia Mediúnica

Capítulo LXV

Coração maternal



Mãe, que te recolhes no lar, atendendo à Divina 5ontade, não fujas à renúncia que o mundo te reclama ao coração.

Recebeste no templo familiar o sublime mandato da vida.

Muitas vezes, ergueste cada manhã, com o suor do trabalho, e confiaste à noite, lendo a página branca das lágrimas que te emanam da alma ferida.

Quase sempre, a tua voz passa desprezada, como vazio rumor o alarido das discussões domésticas, e as tuas mãos diligentes servem com sacrifício, sem que ninguém lhes assinale o cansaço…

Lá fora, os homens guerreiam, entre si, disputando a posse efêmera do ouro ou da fama, da evidência ou da autoridade… Além, a mocidade, em muitas ocasiões, grita festivamente, buscando o mentiroso prazer do momento rápido…

Enquanto isso, meditas e esperas, na solidão da prece, com que te elevas ao Alto, rogando a felicidade daqueles de quem te fizeste o gênio guardião.

Quando o santo sobe às eminências do altar, ninguém te vê nas amarguras da base, e quando o herói passa, na rua, coroado de louros, ninguém se lembra de ti, na retaguarda de aflição.

Deste tudo e tudo ofereceste, entretanto, raros se recordam de que teus olhos jazem nevoados de pranto e de que padeces angustiosa fome de compreensão e carinho.

No entanto, continuas amando e ajudando, perdoando e servindo…

Se a ingratidão te relega à sombra na Terra, o Criador de tua milagrosa abnegação vela por ti dos Céus, através do olhar cintilante de milhões de estrelas.

Lembra-te de que Deus, a fonte de todo o amor e de toda a sabedoria, é também o Grande Anônimo e o Grande Esquecido entre as criaturas.

Tudo passa no mundo… (Ec 3:1)

Ajuda e espera sempre.

Dia virá em que o Senhor, convertendo os braços da cruz de teus padecimentos em grandes asas de luz, transformará tua alma em astro divino a iluminar para sempre a rota daqueles que te propuseste socorrer.