Mãe Antologia Mediúnica

Capítulo LXXIV

Maria Boneca



(Versos dedicados à dama feudal que abraçamos por devotada amiga, há três séculos, e que hoje expia, na via pública, sob a alcunha de Maria Boneca, o delito de haver exterminado o filho jovem que lhe estorvava a existência de irresponsabilidade e prazer.)


Reencontrei-te, por fim, esmolando na rua.

Nada recorda em ti a dama do castelo.

Lembro-me!… Dás à fossa o filho louro e belo,

Esqueces, gozas, ris… E a festa continua…


Depois, a morte vem… A memória recua…

Escutas em ti mesma o trágico libelo,

Choras, nasces de novo e trazes por flagelo

A sede de ser mãe que a demência acentua!…


Como dói ver-te agora os tristes olhos baços!

Guardas, louca de amor, um boneco nos braços,

Em torno, há quem te apupe a trilha merencória…


Mas bendize, senhora, a lei piedosa e austera,

Alguém vela por ti: o filho que te espera

E há-de levar-te aos Céus em cânticos de glória!…