Médium de muita cultura
Que vive de lero-lero
Ou fica em zero de estaca
Ou retorna à estaca zero.
Mediunidade, a rigor,
Sobre a Terra, onde se estira,
É um talento que o Senhor
Empresta, aumenta ou retira.
Médium que deixa o serviço,
Falando em luta na estrada,
Entra em novo compromisso
E acha luta mais pesada.
Muito médium que começa
Estourando fantasias
Acaba sempre em promessa
Na brasa de poucos dias.
De minha longa jornada
Tenho esta nota do bem:
Mediunidade guardada
Não auxilia a ninguém.
O médium desenvolvido
Largando o arado que é seu,
Deixa o mundo, antes da hora,
No tempo que recebeu.
O médium que anda à-toa
E de si próprio envaideça
Pode ser boa pessoa
Mas tem mosca na cabeça.
Médium que sempre duvida
Vacilando a vida inteira
Parece gangorra viva
Na folha da bananeira.
Médium que nunca se apronta
Para servir por amor,
Um dia, fica por conta
De Espírito obsessor.
O médium sem disciplina
Que vive sempre em recreio
Tem pinta de caminhão
Quando está no desenfreio.
Grandes médiuns que conheço
Ao defini-los, não erro,
São cofres fartos de ouro
Com grandes trancas de ferro.
No intercâmbio entre os dois mundos,
Médium que não se degrade
Parece uma vela acesa
Nas sombras Humanidade.