Mais Vida

Capítulo X

Variações da mediunidade



Médium de muita cultura

Que vive de lero-lero

Ou fica em zero de estaca

Ou retorna à estaca zero.


Mediunidade, a rigor,

Sobre a Terra, onde se estira,

É um talento que o Senhor

Empresta, aumenta ou retira.


Médium que deixa o serviço,

Falando em luta na estrada,

Entra em novo compromisso

E acha luta mais pesada.


Muito médium que começa

Estourando fantasias

Acaba sempre em promessa

Na brasa de poucos dias.


De minha longa jornada

Tenho esta nota do bem:

Mediunidade guardada

Não auxilia a ninguém.


O médium desenvolvido

Largando o arado que é seu,

Deixa o mundo, antes da hora,

No tempo que recebeu.


O médium que anda à-toa

E de si próprio envaideça

Pode ser boa pessoa

Mas tem mosca na cabeça.


Médium que sempre duvida

Vacilando a vida inteira

Parece gangorra viva

Na folha da bananeira.


Médium que nunca se apronta

Para servir por amor,

Um dia, fica por conta

De Espírito obsessor.


O médium sem disciplina

Que vive sempre em recreio

Tem pinta de caminhão

Quando está no desenfreio.


Grandes médiuns que conheço

Ao defini-los, não erro,

São cofres fartos de ouro

Com grandes trancas de ferro.


No intercâmbio entre os dois mundos,

Médium que não se degrade

Parece uma vela acesa

Nas sombras Humanidade.