O problema da felicidade está sempre condicionado ao foro íntimo.
E porque, ainda mesmo nos assuntos mais transcendentes, não podemos prescindir da simplicidade, em auxílio à nossa argumentação, invocamos a natureza, em cujos degraus evolutivos, é possível observar as crisálidas de consciência nas limitações relativas a que se ajustam.
Vemos que cada ser nos círculos inferiores à escola humana, possui as alegrias que lhe são próprias.
Para o corvo, a felicidade é a penetração nos detritos.
Para a serpente, é a absorção do veneno com que se fortalece na defensiva.
Para a coruja é a excursão nas trevas.
Para a lesma é a ociosidade incessante .
Para a andorinha é o culto da primavera onde a primavera fulgure.
Para a fonte é o serviço a todos.
Para a árvore é a incansável beneficência.
Para o sol é o privilégio de servir em luminosa doação de si mesmo.
Cada Espírito, qual acontece aos elementos mais simples, demora-se mais ou menos na atitude mental que se lhe afigura como sendo a aspiração satisfeita.
Para muitos, a felicidade é a imersão na preguiça e no ódio, na discórdia e na crueldade, na penúria e na ignorância, no desalento e na rebeldia.
Entretanto, para as almas acordadas na Revelação do Cristo, a felicidade é a construção de si mesmas para a comunhão ideal com Deus.
Se já despertaste para a verdade, aceita o trabalho e a renúncia, as aflições e as penas da estância física por abençoado material de tua própria edificação.
E, aprendendo e servindo infatigavelmente, sem qualquer inventário de sacrifícios e sem qualquer preocupação pelo tempo adequado ao reajuste, conseguirás o equilíbrio interior, tecendo com a própria luta, as asas com que librarás nos cimos da vida, em pleno triunfo.