Mãos Marcadas

Capítulo XXI

Consanguinidade



Recebes no lar a herança do passado, com a qual reestruturas o próprio destino, na direção do futuro.

É aí, no cadinho fervente das reações espirituais intensivas que se nos exercita o coração para servir à família maior, a estender-se na Humanidade.

Recorda que, entre as quatro paredes da organização doméstica, recolhes os desafetos mais profundos para transformá-los em sagrados depósitos afetivos, sob o selo do esquecimento com que a lei do Senhor socorre a vida física.

O Cristo reúne nos mesmos laços de sacrifício, aqueles que se algemaram no pretérito a delitos obscuros e ajuda-os no resgate das faltas perpetradas em comum, sustentando-os nos conflitos purificadores que tantas vezes surgem, estranhos e contundentes, nos elos da consanguinidade.

Se possuis ao teu lado alguém que se constitua num fardo vivo a carregar, compadece-te e ajuda sempre.

Todos nós, quando no mundo, recebemos a imposição de auxiliar aqueles que, retardados na senda evolutiva, esperam de nosso esforço, a migalha de luz que os arrebatará ao domínio das trevas.

Se foste defrontado, contrariamente aos teus sonhos, por familiares que não se harmonizam com o teu modo de ser, lembra-te de que o credor antigo comparece em tua casa reclamando-te pagamento.

Se surpreendes naqueles em que depunhas a melhor esperança, modificações que te envolvem nas inquietantes vibrações do desapontamento e da amargura, silencia, desculpa e segue adiante, amparando-os como puderes.

Não valem a deserção das obrigações regeneradoras ou a fuga da renunciação ao áspero serviço que nos cabe atender, porque amanhã a vida constranger-nos-á, de novo, a regressar ao cálice de fel menosprezado, a benefício de nossa própria cura.

Ama aqueles que o Senhor te confiou quais são e não como desejarias tu fossem eles, porque, pelos teus votos bem cumpridos, encontrarás o caminho do acesso à sublime comunhão nas alegrias de tua família espiritual.