Mãos Marcadas

Capítulo XXXIV

Leitura da caridade



A caridade não será transmitida apenas através da frase que a ensina, embora devamos a melhor veneração ao verbo edificante…

Não será aprendida tão somente nas páginas consoladoras da antologia religiosa…

Será lida, acima de tudo, em nossa própria existência.

No lar, o esposo conhecer-lhe-á os princípios na renunciação da companheira, tanto quanto a esposa contemplar-lhe-á a excelsitude na correção irrepreensível do homem que preside a casa. Os filhos observar-lhes-ão os ensinamentos na conduta enobrecedora dos pais e os familiares, no sentido comum, procurar-lhe-ão o tesouro vivo naquele que fala e se movimenta em seu nome.

Nas instituições, os dirigentes identificar-lhe-ão sublimidade na cooperação digna dos subalternos e os que obedecem notar-lhe-ão a grandeza que guardam a autoridade e orientam o serviço.

Não nos esqueçamos de que no lar e na vida pública, todos os que nos cercam esperam de nós a mensagem da caridade, através dos nossos mínimos atos de compreensão, afabilidade, carinho e gentileza…

Nosso coração é diariamente lido pelos outros na palavra que emitimos, na frase que escrevemos, no compromisso que assumimos ou nos gestos que praticamos.

É preciso lembrar, na altura de nossos atuais conhecimentos espiritistas, que não mais nos basta a doação do supérfluo para a revelação da divina virtude, na ordem material da vida.

Recordemos o dever de dar de nós mesmos, com esforço, sacrifício pessoal, disciplina e suor, em nosso relacionamento com os semelhantes, se desejamos assimilar a lição que Jesus nos legou.

Façamos de nossa experiência um livro aberto de amor puro, em que nossos irmãos de caminho possam ler a fraternidade e a cooperação, em todas as nossas obrigações bem cumpridas e a caridade será fulgurante estrela em nosso coração, brilhando para os que convivem conosco e clareando-nos o caminho para a glória da vida eterna.