A velhinha que vimos, vergada ao peso do sofrimento, não é aquela benfeitora que nos ofertou o berço na Terra, no entanto, podia ser.
O trabalhador abatido que passou esmagado de angústia, não é aquele amigo respeitável que nos serviu de pai no mundo, mas, em verdade, podia ser.
A criança desditosa, que renteou conosco na via pública, estendendo mãos à caridade, não é nosso filhinho, contudo, podia ser.
O mendigo cansado de abandono, relegado à incerteza da rua, não é pessoa de nossa casa, entretanto, podia ser.
O doente caído em desamparo e cujo martírio orgânico nos inclina a pensar na desventura dos que vagam sem teto, não é nosso parente consanguíneo, todavia, podia ser.
Diante dos que choram e sofrem coloquemo-nos, de imediato, em lugar deles, e saberemos compreender que toda migalha de bondade e alegria é talento de luz.
Caridade é a bênção de Deus em movimento constante.
Hoje é a nossa hora de dar, amanhã será o nosso dia de receber.
(C. E. Luiz Gonzaga — Pedro Leopoldo, MG, 13