Marcas do Caminho

Capítulo XXXIV

Trabalho divino



Escuta, alma querida e boa,

Perante as aflições que te espanquem a vida,

Na prova que atordoa,

Há sofrimento, lágrima e tumulto,

Embora tolerando o impacto das trevas,

Busca enxergar o mecanismo oculto

Das tarefas de amor e redenção que levas!…


Deus clareia a razão

Aqui, ali, além,

Para que o nosso próprio coração

Revele por si mesmo a lei do bem…


Tens para dar, conheces para ver

E para dar e ver já podes discernir…

Eis a missão que trazes por dever:

Trabalhar, compreender, elevar, construir!…


Tudo o que existe e vibra

Entre as forças do mundo,

Tem no próprio destino o dom profundo.

De ajudar e servir?…


O sol gasta-se em luz a entregar-se de todo

E tanto ampara aos Céus quanto às furnas de lodo…

O jardim despojado a refazer-se espera

Para dar-se de novo em nova primavera…

Toda árvore esquece o que sofre do homem

E apoia sem cessar aqueles que a consomem!…

Olha o minério arrebatado ao solo,

Sem possibilidades de regresso.

Padece fogo ardente

A fim de assegurar constantemente o esplendor do progresso.

Já consegues pensar que qualquer flor que apanhas,

A mais singela e a mais descolorida,

É um sonho que arrancaste à Natureza

Para adornar-te a vida?

Que modelas a enxada

E golpeias o chão,

Para que o chão te guarde a sementeira

E te forneça o pão?


Assim também por onde vás,

Ante assaltos, tragédias, ironias,

Tribulação ou desengano,

Quando as estradas do cotidiano

Surjam mais espinhosas ou sombrias,

Nada reclames, serve.

E nem reproves, ama!

Em toda parte a vida te reclama

Tolerância, alegria, esperança e bondade,

Inda que a dor te fira ou arrase os sonhos teus,

Porque o Céu te entregou a liberdade

De servir e elevar a Humanidade

Por trabalho de Deus.



(Federação Espírita Brasileira — Rio de Janeiro, RJ, 22.12.1972)

Essa mensagem foi publicada originalmente em agosto de 1973 pelo IDE e é a 33ª lição do livro “”