E disseste Senhor: “Ide e pregai”. (Mc Aqui estou Para ouvir-te a palavra e dar-lhe desempenho, Muito embora os defeitos que ainda tenho, Para estender às criaturas As notícias do amor de Nosso Pai… Que dizer, entretanto, Ao coração que se encharcou de pranto Pelo extremo cansaço? Ao companheiro que se entrega ao crime, Sem que eu consiga desarmar-lhe o braço? Ao homem sem apoio a que se arrime, Vendo um filhinho enfermo, Entre a penúria e a morte? E ao outro que se rende a desmando profundo, Criando chagas vivas para o mundo Sem mão que as reconforte? Que falarei, Senhor, À criança que vaga sem amor, Ao coração de Mãe com um filho ao colo, A estirar-se no solo, Em aflição tremenda, Com febre e inanição, Sem qualquer agasalho que as defenda, Sem qualquer proteção? Que palavras direi, Senhor Jesus, Aos que andam sem luz E anseiam por fugir, num derradeiro aceno Entornando na boca a dose de veneno? Que frases tecerei, Amado Amigo, Aos que vão, sem saber, entre a sombra e o perigo, Nas trilhas da descrença Sobre as quais se conjuga A droga utilizada para a fuga? Aos que caem, por fim, no desespero inglório, Buscando apoio e luz, na paz de um sanatório? Que falarei, Senhor, Aos que perderam corações queridos E esquadrinham na lousa O conforto que tarda, Procurando na cinza o que a cinza não guarda? Que direi aos doentes Que acordam sobre a mesa De abençoada cirurgia, Ao se verem sem mãos Ou reclamando as pernas amputadas? Que direi, meu Jesus, Aos pais que viram mortos Filhos queridos nas estradas Ou nas pedras da rua, Através de terríveis acidentes, Sem saberem que a vida continua Em Planos diferentes? Ah! sim, Jesus, já sei o que dizer… Direi que sempre existes E que reanimarás todos os tristes, Que pela fé que nos alcança Temos contigo a fonte da esperança; Que a ninguém deixarás, de Espírito sozinho, Que nos socorrerás de caminho em caminho, Na proteção com que nos agasalhas, Que embora as nossas falhas, Nós todos somos teus Tutelados que levas para Deus!… E se alguém estranhar Seja eu a singela mensageira A proclamar o brilho de teu nome, Dentro da imperfeição que me consome E nas fraquezas de que me assinalo, Direi aos companheiros de quem falo Dos amados amigos que me deste, Que te espalham no mundo a Bondade Celeste, Trabalhando e servindo, em qualquer parte, Ao seguir-te e ao louvar-te… E, quanto a mim, Senhor, Que me entrego, de todo e sem reservas, Ao teu apostolado redentor, Explicarei que me conservas, Em minha ignorância e pequenez, Tão-só para levar, Seja onde for, O meu simples cartaz Enfeitado de amor, Entre flores de paz, Sobre o qual escrevi Com tua permissão, Estas sete palavras de oração, De fé, respeito e luz: — “Confiamos em Deus na bênção de Jesus” |