Escuta, alma querida, Se alguma provação te agita os caminhos da vida E a jornada te cansa, Pensa na bênção da esperança E olha, em torno de ti, no dia a dia, Das entranhas do abismo aos reinos estelares, A Natureza em todos os lugares, Ao entregar-se a Deus, age, serve e confia. Equilibra-se o mundo, pólo a pólo, Sem qualquer atropelo, O verme aduba o solo, Confiante em que o sol há de aquecê-lo. A tamareira no deserto Permanece em trabalho, Mas no dia esfogueante, sabe ao certo, Obedecendo a vida e servindo a contento, Que a noite lhe trará o socorro do orvalho Por bendito alimento. Quando o tronco balança ao vento forte, E a tempestade ruge nos caminhos, A trovões anunciando os coriscos da morte, As aves aconchegam-se nos ninhos, Esperando que as nuvens tresmalhadas, Muito além das ramadas, Em movimentação incessante e imprecisa, Passarão no aguaceiro turbulento E de que a paz virá nos bálsamos da brisa Sob o telhado azul do firmamento. Pensa na história do minério bruto: Dizem que quando preso aos flagelos do forno, Ei-lo a emitir imprecações em torno, A estremecer de horror, de pedaço em pedaço, E o Céu lhe muda a forma em sublime processo, Dele fazendo as altas vigas de aço Assegurando a força do progresso. Assim também, alma querida e boa, Quando a prova te doa, Não desanimes, segue e busca a frente Porque a paz do Senhor vela constantemente Sobre toda a Criação… Por mais pesada a luta em que te vejas, Conserva o coração Vestido de tarefas benfazejas. Entre os braços amigos da esperança, Guarda sempre, os deveres teus e meus, Quanto possas, trabalha, ajuda e avança, Serve e confia em Deus. |