Às vezes, cismas, coração amigo, Como varar a treva, a cilada e o perigo, Fazendo luz no próprio ser… Das perguntas que fiz, onde a aflição me encosta, Deu-me a vida por única resposta: — Esquecer, esquecer… Perguntei à roseira, aberta em pétalas e cores, Como aguentar espinhos, produzindo flores Por ofício e dever… Balançando a folhagem viridente, A roseira me disse simplesmente: — Esquecer, esquecer… Indaguei do diamante burilado Que lâmina lhe dera a forma de bordado, Por estrela a esplender… E a pedra, recordando lágrima perdida, Respondeu, como quem louvasse o sofrimento e a vida: — Esquecer, esquecer… Inquiri da mulher pela maternidade, Como criar um filho e dá-lo à Humanidade, Amando intensamente, a chorar e a sofrer… Comentando o progresso e o mundo, em novo brilho, Ela disse, beijando as mãos do próprio filho: — Esquecer, esquecer… Desse modo, também, alma fraterna e boa, Se buscas elevar-te, esquece-te e abençoa, Não fujas à lição, se queres aprender… Serve e conquistarás o reino do amor puro, Ouvindo a voz do Céu, chamando-te ao futuro: — Esquecer, esquecer… |