Muita gente julga ingênuo qualquer interesse pela aquisição dos valores íntimos. Supõe-se, de modo geral, que a bolsa farta e o celeiro rico resolvem os problemas da vida. Entretanto, o binômio corpo-alma reclama atenções idênticas, tanto para um quanto para o outro.
Para a sustentação do corpo bastam as previsões necessárias, na formação de recursos básicos de manutenção, como sejam o tratamento conveniente das fontes, a alimentação balanceada, a roupa nas condições precisas, o ambiente higiênico e a medicina segura.
Para isso, a evolução do comércio criou facilidades ideais, desde o pequeno empório aos grandes supermercados em que se pode adquirir qualquer recurso imprescindível à garantia da existência física.
Nos domínios da alma, porém, outros são os poderes aquisitivos.
Ninguém compra paciência em pratos de balança, nem encomenda compreensão aos metros.
Não há financiamento que consiga efetuar leilões de paz e nem existe fortuna suscetível de pagar a posse da felicidade, embora o dinheiro seja sempre respeitável pelas condições de trabalho e reconforto que é capaz de criar.
Observemos isso, despretensiosamente, e atingiremos considerações importantes.
As liberalidades do sexo não constroem o amor.
As máquinas ganham tempo, mas nem sempre oferecem tranquilidade e segurança.
As maravilhas do rádio e da televisão reúnem povos, de imediato, no campo informativo, contudo, não irmanam os corações na fraternidade, conquanto as criaturas, em maioria, estejam fatigadas de guerra e ódio.
A ciência realiza prodígios, em benefício do corpo, mas nada pode fazer para erradicar o complexo de culpa na consciência do homem, embora, em muitas ocasiões, possa transitoriamente dopá-la com agentes químicos de efeito superficial.
Anotemos tudo isso e reconheçamos que para a estruturação dos valores íntimos não existem câmbio ou sistema monetário capazes de favorecê-la, de vez que a edificação de semelhantes bênçãos no Espírito nascem da sublimação interior que é fruto do trabalho laborioso de cada um.