O Espiritismo, no panorama atual do mundo, é realmente aquele consolador prometido por Jesus à humanidade. Porque, quantos dele se aproximam, com devotamento à verdade, encontram recursos para a resistência íntima contra qualquer perturbação. Estamos vivendo uma época muito difícil, um período inçado de muitos obstáculos na vida espiritual de todos, porque a renovação está chegando para todos na Terra à maneira de explosão: uma explosão de sentimentos, de pensamentos, de palavras, de ações, e sem a explicação do Espiritismo teríamos muita dificuldade para harmonizar o nosso mundo íntimo. Por isso consideramos que o Espiritismo é uma providência da misericórdia do Senhor em nosso benefício, a fim de que cada um de nós esteja no lugar certo, com obrigações certas, e desempenhando nossos deveres tão bem quanto nos seja possível.
Ao Espiritismo cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa. Não basta definir-lhe as características veneráveis de consolador da humanidade. É preciso também revelar-lhe a feição de movimento renovador de consciências e corações. A morte física não é o fim. É apenas mudança de capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém deve esperar soluções finais e definitivas, quando sabemos que cem anos de atividade no mundo representam uma fração relativamente curta de tempo para qualquer edificação na vida eterna.
Infinito campo de serviços aguarda a dedicação dos trabalhadores da verdade e do bem. Problemas gigantescos desafiam os espíritos valorosos, encarnados na época presente com a gloriosa missão de preparar a nova era, contribuindo na restauração da fé viva e na extensão do entendimento humano. Urge socorrer a religião, sepultada nos arquivos teológicos dos templos de pedra e amparar a ciência, transformada em gênio satânico da destruição. A espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-lhe as fontes morais despertando a criatura no quadro realista das suas aquisições. Há chamamentos novos para o homem descrente do século XX, indicanda-lhe horizontes mais vastos, a demonstrar-lhe que o espírito vive acima das civilizações que a guerra consome ou transforma na sua voracidade de dragão multimilenário. Ante os tempos novos, e considerando v esforço grandioso da renovação, requisita-se o concurso de todos os servidores [fiéis] da verdade e do bem [para que, antes de tudo, vivam a nova fé, melhorando-se e elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor, a fim de que a edificação do Cristo prevaleça sobre as meras palavras das ideologias brilhantes.]
Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz através da qual a humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.
Desde o tempo de Kardec os espíritos vêm advertindo-nos, sem cessar, que estamos numa fase acelerada de evolução para uma nova era. O Espiritismo surgiu para orientar os homens nesse processo e traz consigo os elementos necessários para essa orientação. Oferece-nos um novo conceito do homem e da vida, uma nova mundividência, novos princípios filosóficos e novas perspectivas no campo científico. Prepara-nos para a renovação das estruturas sociais, já em desenvolvimento. Todo o esquema da Doutrina Espírita apresenta-se harmonioso, perfeitamente conjugado em seus diferentes aspectos, antecedendo as conquistas em marcha nos vários setores do conhecimento.
É por isso que não se pode falar em atualização der Espiritismo sem demonstrar ignorância doutrinária. Atualiza-se o que caducou o que foi superado pela evolução, o que pertence ao passado. A própria linguagem da Codificação não comporta modificações pretensamente renovadoras. Se assim não fosse, teríamos de considerar como fracassados os Espíritos superiores que a revelaram e que, desde o princípio, indicam a sua função de plataforma do futuro.
Representando uma síntese da revelação espiritual e da revelação científica, que nela se conjugam, a Doutrina Espírita inicia a nova era da evolução terrena. Assim como o Evangelho preparou, há dois mil anos, o advento da era da razão, o Espiritismo prepara, neste momento, o advento da era cósmica e da civilização do espírito. Quem conhece a Doutrina e acompanha o ritmo da evolução contemporânea pode comprovar, a cada passo, a realização dos pressupostos espíritas no campo da ciência, da filosofia, dá religião, da estética e da ética em nosso tempo.
Todos os pretensos reformadores de Kardec só têm produzido confusões no meio espírita, criando problemas muitas vezes insolúveis e acarretando transtornos que retardam a marcha necessária da difusão doutrinária. Ao invés de procurarem aprofundar os seus conhecimentos, tanto da doutrina quanto do panorama evolutivo atual, esses reformadores se emaranham em suas próprias ideias, formulam proposições absurdas, arrastam em suas maquinações outras criaturas aturdidas com as transformações violentas do nosso tempo e acabam aniquilando os esforços dos que estudam, dos que, sincera e honestamente, lutam para a divulgação da doutrina redentora.
Este é também um sinal dos tempos, não há dúvida, mas poderia ter menor amplitude e causar menos danas se os pretensos inovadores usassem pelo menos de um pouca de reflexão. Não se pode tratar de assuntos tão graves, relacionados intimamente com a evolução planetária, sem humildade e bom senso. E o que mais vemos, nessas ocasiões, são a vaidade arrogante, a falta de senso, a paixão que obscurece as faculdades mentais. O episódio recente da adulteração de textos de Kardec aí está, como prova dolorosa do desvario a que se pode chegar, mesmo entre antigos mas invigilantes trabalhadores da seara.
Os trechos de Chico Xavier e de Emmanuel que reproduzimos hoje devem servir para a reflexão, um momento ao menos de reflexão por parte daqueles que ainda se empenham em sustentar e defender a profanação praticada nos textos de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Que olhem ao seu redor e avaliem a extensão da devastação praticada. Não defendemos opiniões pessoais, defendemos a doutrina. Temos de preservar o patrimônio de luz e verdade que Jesus nos legou através de Kardec.
O título da mensagem original é o que se encontra entre parênteses e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes], é apenas parte da mensagem integral (o texto entre os) publicada em 1951 pela FEB que consta do prefácio do livro “”