No Mundo de Chico Xavier (Especial)

Capítulo IV

Literatos que voltaram



Informados de que Chico Xavier teve algumas vezes contatos espirituais com literatos que lhe prometeram mensagens para depois da desencarnação, e conhecendo a importância do assunto para os estudiosos do Espiritismo, animamo-nos a endereçar-lhe algumas indagações para documentar as nossas observações nesse sentido.

Para isso, enfileiramos algumas perguntas às quais, através da palestra natural, algumas outras apareceram, oportunas e espontâneas.

E, dessa forma, surgiu a presente entrevista, de que saltam as informações do médium, com a naturalidade que lhe conhecemos na palavra sincera e que oferecemos aos nossos leitores dentro da fidelidade de que somos capazes, atentos ao nosso interesse comum na pesquisa das realidades que nos aguardam, além da morte.


R — Lembro-me de alguns.


R — Maria Lacerda de Moura e Romeu do Amaral Camargo, por exemplo.


R — Conheci pessoalmente Dona Maria Lacerda de Moura em 1937. Nesse tempo, ela estudava com imenso interesse os fenômenos mediúnicos, num grupo consagrado a diversos orientadores desencarnados do mundo indiano. As reuniões obedeciam às instruções deles e apresentavam resultados admiráveis do ponto de vista medianímico. Ela convidou-nos, ao Dr. Rômulo Joviano, que era então meu chefe no serviço, e a mim, para assistirmos a algumas reuniões. Com a permissão de Emmanuel, compareci, por algumas vezes, às tarefas do grupo mencionado, e pude ver, através da clarividência, as entidades que operavam, todas elas dignas do maior respeito, pelo sentido altamente religioso que davam às próprias manifestações. Dona Maria Lacerda de Moura, com quem troquei impressões sobre o intercâmbio em andamento, declarou-me estar convencida, quanto à sobrevivência da alma, depois da morte. E, por várias vezes, me disse que se partisse para o Mundo Espiritual, antes de mim, viria, se pudesse, ao meu encontro para escrever o que lhe fosse possível. Desencarnada em 1945, voltou a ver-me em Espírito e grafou, por minhas mãos, a mensagem que consta do livro “”.


R — Sim.


R — Dona Maria que teve uma fase de livros combativos, em sua existência de escritora e mentora da mocidade, me disse que o azedume não constrói e que eu pedisse à Providência Divina para que inteligências desencarnadas com a vocação da censura violenta não viessem escrever por meu intermédio, criando problemas na seara de amor que o Espiritismo Cristão a todos nos oferece. Nesse sentido, falou comigo que eu desse graças a Deus por me achar sob as orientações do Espírito de Emmanuel que se impusera a si próprio rígidas disciplinas, a fim de servir ao Evangelho de Jesus.


R — Muito raramente.


R — Não. Dona Maria informou-me que prosseguia, no Mundo Espiritual, ao lado de vários amigos indus, estudando mentalismo, com vistas aos planos de trabalho espiritual que formulara para o futuro.


R — Não me deu detalhes, mas deduzi, pelo que ela me disse, que se trata de tarefas muito importantes sobre renovação espiritual.


R — Nosso amigo escrevia-me, às vezes, e numa das cartas últimas que me dirigiu para Pedro Leopoldo, afirmava com bondade e otimismo que, se lhe fosse possível, escreveria, por mim, na hipótese de anteceder-me na desencarnação. Pouco tempo depois de deixar-nos, cumpriu a promessa e deu-nos as páginas que se encontram igualmente no livro “”, já mencionado.


R — Afirmou-me que prosseguia trabalhando ativamente em organizações espíritas-cristãs do Plano Superior e que, nós, os espíritas, carregamos enormes responsabilidades nos ombros, porque recebemos o conhecimento libertador de que as leis de Deus funcionam na consciência de cada um. Acrescentou que somos tão beneficiados no Plano físico pelos princípios espíritas evangélicos e por isso mesmo tão agraciados pela Misericórdia de Deus que, até à época em que conversara comigo, pela primeira vez, não havia visto, dentre os companheiros já desencarnados com os quais convivia, um só que não se queixasse de condições deficitárias para com a Doutrina Espírita. Tão grandes eram as bênçãos recolhidas, que todos admitiam terem saído da experiência física reconhecendo-se endividados para com o Espiritismo Cristão, pelo qual, segundo a opinião deles mesmos, deviam ter trabalhado mais.


R — Algumas vezes.


R — De imediato, recordo-me de quatro amigos muito queridos, Honório Armond, Cornélio Pires, Maria Dolores e Jésus Gonçalves.


R — Ao que sei, não era ele espírita, mas um grande poeta e um grande homem, pela cultura e pela bondade. Encontrei-me com ele, algumas vezes, em grande cidade mineira, para onde me deslocava, a serviço de exposições pecuárias. Fui apresentado a ele pelo Dr. Durval Nascimento, grande professor barbacenense e, logo depois das primeiras palavras, disse-me haver lido o “Parnaso de Além-Túmulo”, comentando com respeito e simpatia os poemas psicografados. Desde então, quando nos víamos declarava-me, mais por bom humor do que por outra cousa, que se desencarnasse antes de mim, voltaria a escrever por meus dedos. E voltou mesmo. Ao lado daquilo que compõe, por nosso intermédio, costuma dizer-me que vem se adaptando à Vida Maior e que não dispõe de palavras para escrever o que sente agora, perante o Universo.


Das páginas que Xavier psicografou de Honório Armond, destacamos este soneto que fala significativamente de suas novas inspirações no Plano Espiritual.



Quadro pungente

Alcoólatra vampiro alça a boca debalde,

Ébrio desencarnado, a hedionda sede aguça.

Híspidos lábios lambe e escancara a dentuça

Tateia o vidro, em vão, do frasco verde e jalde.


Rápido, caça alguém no remoto arrabalde.

Alcoólatra encarnado encontra e lhe refuça

A goela que se inflama, enrubesce e empapuça,

Como a sacar de si mais sede que a rescalde.


Agarra-se o vampiro ao bêbado por entre

As vértebras do peito e as vísceras do ventre,

Toma-lhe o braço e o corpo… Estala a língua bronca!


A dupla bebe, bebe… E, às tontas na calçada

Cai de borco no chão, estira-se largada,

Delira, geme, dorme, espolinha-se e ronca…


Honório Armond

R — O grande poeta humorista visitou-nos em diversas ocasiões, em Pedro Leopoldo, e habitualmente profetizava que me daria notícias depois da morte. Quando o vi, pela derradeira vez, neste mundo, em 1945, estava abatido, fatigado… Informou-me que não se sentia longe da desencarnação e que eu lhe aguardasse o Espírito… Depois de desencarnado, lembrava-me habitualmente dele, em minhas orações. Anos passaram. Em 1956, quando me achava numa reunião pública de Espiritismo, na cidade de Sacramento, no Lar de Eurípedes, ele surgiu diante de mim e escreveu o primeiro dos seus sonetos mediúnicos por meu intermédio. Desde então, tornou-se um excelente amigo de nossas atividades mediúnicas na Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, onde aparece, frequentemente, trazendo-nos enorme alegria e reconforto com as suas páginas.


R — Não posso saber, mas vejo que ele é um obreiro dedicadíssimo da divulgação dos princípios espíritas. A respeito da pergunta, desejo narrar uma pequena passagem de minhas relações mediúnicas com o nosso amigo Cornélio Pires. Numa tarde do ano passado de 1966, sem que me lembre agora o dia exato, desejava sair à noite para ver alguns companheiros que se achavam num hotel, quando Cornélio me apareceu e disse assim:


Escuta-me, Chico amigo,

Pede a Deus para que eu possa,

Escrever hoje contigo

Alguma cousa da roça.


Inspiração não se atrasa,

Quero falar do sertão,

Não saia agora de casa,

Preciso de sua mão.


Cornélio Pires

Achei muito curiosos os versos que eu ouvia dele e anotei-os para não esquecer. O resultado é que não me ausentei do lar e ele, à noite, escreveu algumas páginas que desejava grafar. Como vemos, nosso amigo desencarnado deve ter um programa determinado de serviço que, de imediato, não sabemos qual seja.


R — Era ela uma poetisa notável e obreira dedicada do Espiritismo no Brasil. Nasceu na Bahia e militou na seara espírita em Salvador. Foi, algumas vezes, a Pedro Leopoldo, e não só cultivávamos confortadora amizade que foi sempre uma honra para mim, como também mantivemos correspondência por vários anos. Maria Dolores às vezes, com a bondade que lhe marcava o trato fraterno, dizia que, se lhe fosse possível, tomaria minha mão para escrever, quando não mais estivesse no Plano físico. Ríamo-nos ambos, quando o assunto vinha de novo, à baila, em nossas conversações. Por mais reafirmasse a promessa, nunca admiti que isso viesse a acontecer, porquanto, era ela, entre nós, uma senhora relativamente moça, desfrutando boa saúde. Entretanto, os vaticínios da estimada amiga se realizaram. Ela partiu para a Vida Espiritual, em 1959, e decorridos alguns anos, apareceu-me em Espírito, bem disposta e otimista, tendo escrito, até agora, por minhas mãos, vários poemas que realmente muito me reconfortam pelas ideias e sentimentos sublimes que encerram.


R — Informou-me que prossegue interessada no serviço às crianças menos felizes, pelas quais já havia trabalhado carinhosamente na Terra e que atualmente se empenha a essa tarefa, de alma e coração, enquanto aguarda alguns dos seres queridos que deixou no mundo e dos quais deseja estar mais próxima. Acrescentou que, servindo às crianças necessitadas, pode manter-se nas vizinhanças dos corações que mais ama e aos quais se propôs servir com toda a dedicação de que é capaz.


Tristeza oculta no peito

Tem a mania do cupim

Que, quando surge na casa,

O telhado está no fim.


Ciúme (Deus me perdoe)

Parece em qualquer feição,

Com jararaca enroscada

Por dentro do coração.


Orgulho lembra o coqueiro

Que mais alto põe o cacho,

Um dia, o raio aparece

E o coqueiro vem abaixo.


Vaidade recorda a rã

Que não vê a própria face,

E pensa que o mundo inteiro

É a lagoa onde ela nasce.


Mentira é igual ao macaco

Que come no pé de amora,

Corpo escondido na rama,

Deitando a cauda de fora.


Melindre parece a larva

Que cresce sem reboliço

E acaba matando a rosa,

Sem que a rosa dê por isso.


Maledicência relembra

Um papagaio invulgar,

Que vive tanto mais preso

Quanto mais sabe falar.


Apego desenfreado

É igual à hera em ação

Que, aos poucos, abraça o muro

E atira o muro no chão.


Cobiça, se bem comparo,

É assim como poço fundo

Que cabe, de ponta a ponta,

Toda a miséria do mundo.


Maria Dolores

R — Não cheguei a conhecer Jésus pessoalmente, mas tivemos uma correspondência regular por dois anos consecutivos. Achava-se ele, em tratamento em Pirapitingui, quando passou a se comunicar comigo, através da bondade de nossas irmãs D. Zaira Junqueira Pitti e Julinha Kohleisen, ambas residentes em São Paulo. Ele me escreveu um bilhete amigo e respondi. Desde então, habituei-me a receber o conforto que as palavras dele me traziam. Edificavam-me ao receber-lhe as observações otimistas. Conquanto vítima de moléstia pertinaz, ele era um exemplo de coragem e resignação, tranquilidade e fé viva. Dava-me tantas lições de paciência e compreensão que, muitas vezes, os recados e missivas dele para mim representavam mensagens da Vida Superior. Em muitos dos pequenos avisos que me enviava dizia que, ao partir da Terra, pretendia ir ver-me em Espírito. Em algumas ocasiões, enviou-me retratos dele, atendendo aos meus pedidos e porque a moléstia lhe impusesse algumas alterações fisionômicas, costumava escrever-me com bom humor: “Irmão Chico, se você notar alguma diferença de uma fotografia para outra, isto é defeito da máquina, porque continuo sempre o mesmo.” De minha parte, respondia procurando encorajá-lo, se bem que reconhecesse que ele era um armazém de bom ânimo para mim. Acontece, porém, que em se desencarnando, se não me engano, em fevereiro de 1947, nosso caro poeta veio efetivamente ao nosso encontro como prometera.


R — Sim. Isso verificou-se da maneira, a mais comovente para mim. Antes de narrar o sucedido, devo dizer para melhor entendimento do que eu vou contar, que ele, na última carta que me enviou, dias antes da desencarnação, mandou-me um retrato — o derradeiro retrato que tive do inesquecível amigo —, no qual aparecia ele com algumas alterações na face e numa das pernas. Compreendi que a moléstia física progredia sempre e guardei a foto entre as minhas recordações mais queridas. Depois da carta com essa lembrança, algumas semanas passaram sem que eu recebesse novas notícias dele. Acontece que numa noite do mês de março de 1947 — não me recordo exatamente da data precisa —, chegaram a Pedro Leopoldo os nossos amigos Sr. Francisco de Paula Cardoso, que residia em Santa Cruz do Rio Pardo, Estado de São Paulo, e Dr. Raul Soares, atualmente Diretor residente no Lar Anália Franco, da cidade de São Manoel, no mesmo Estado. Era uma terça-feira, em cuja noite não tínhamos qualquer tarefa no Centro Espírita Luiz Gonzaga, e por isso, os dois confrades citados e eu deliberamos ir à sede do grupo, que ainda se situava no lar de minha cunhada Geni, viúva do meu irmão José Cândido Xavier, a fim de orarmos juntos. Sentei-me entre os dois. Dr. Raul Soares fez a prece e, daí a minutos, Emmanuel se comunicava conosco. Terminada a mensagem do nosso querido orientador e quando me achava ainda em profunda concentração mental, vi a porta de entrada iluminar-se de suave clarão. Um homem-espírito apareceu aos meus olhos, mas em condições admiráveis. Além da aura de brilho pálido que o circundava, trazia luz não ofuscante mas clara e bela a envolver-lhe certa parte do rosto e da cabeça, ao mesmo tempo que uma das pernas surgia vestida igualmente de luz. Profunda simpatia me ligou o coração à entidade que nos buscava, assim de improviso, e indaguei mentalmente se eu podia saber de quem se tratava.

O visitante aproximou-se mais de mim e ouvi-lhe a voz calma e firme:

— Chico, eu sou Jésus Gonçalves! Cumpro a minha promessa… Vim ver você!

As lágrimas me subiram do coração aos olhos. Percebi que o inolvidável amigo mostrava mais intensa luz nas regiões em que a moléstia mais o supliciara no corpo físico e quis dizer-lhe algo de minha admiração e de minha alegria, entretanto, não pude articular palavra alguma nem mesmo em pensamento.

Ele, porém, continuou:

— Se possível, Chico, quero escrever por você… dar minhas notícias aos irmãos que deixei à distância e agradecer a Deus as dádivas que tenho recebido…

A custo, perguntei a ele, ainda mentalmente, o que pretendia escrever, querendo, de minha parte, falar alguma cousa porque eu ignorava que ele houvesse desencarnado e não conseguia esconder o meu jubiloso espanto.

Ele abraçou-me. Em seguida, colocando-se no meio da pequena sala, recitou um poema que eu ouvia, mas não guardava na memória… Ao terminar, pareceu-me mais belo, mais brilhante…

Notando que o Sr. Francisco de Paula Cardoso e Dr. Raul Soares começavam a se preocupar com o pranto que eu não podia conter, rompi a expectativa, perguntando a Dr. Raul se ele tivera conhecimento da desencarnação do amigo que ali se nos apresentava. Ele e o Sr. Cardoso responderam negativamente. E como eu dissesse que ele, Jésus Gonçalves, queria escrever, Dr. Raul Soares ponderou que seria justo eu tomar o lápis e obedecer, prometendo que ele seguiria com o Sr. Cardoso, de Pedro Leopoldo, para Pirapitingui, a fim de averiguar o que havia de autêntico no assunto, mesmo porque o grande poeta estava muito espiritualizado pelas provações de que se via acometido e talvez se achasse ali conosco fora do corpo físico, num fenômeno natural de desdobramento.

Segui o parecer muito justo de Dr. Raul Soares e tomei o lápis… Jésus Gonçalves debruçou-se sobre o meu braço e escreveu em lágrimas os versos que ele recitara para mim, momentos antes, em voz alta, os dois primeiros sonetos que recebi dele e que constam do seu livro póstumo, intitulado “Flores de Outono”, versos esses que peço licença para ler, de modo a que fiquem, como de inolvidável recordação do nosso amado amigo, hoje na 5ida Espiritual.





I

Irmãos, cheguei contente ao Novo Dia

E ainda em pleno assombro de estrangeiro,

Jubiloso, saltei de meu veleiro

No porto da Verdade e da Harmonia.


Bendizei, com Jesus, a dor sombria,

Na romagem de pranto e cativeiro,

Nele achareis o Doce Companheiro

Para as rudes tormentas da agonia…


Não desdenheis a chaga que depura,

Nossas horas de amarga desventura

São dádivas da Lei que nos governa!…


As escuras feridas torturantes

São adornos nas vestes deslumbrantes

Que envergamos ao sol da Vida Eterna!


II


Ave, maravilhosa madrugada

Que desdobras a luz no céu aberto

Além das trevas, longe do deserto

Onde a esperança geme incontentada!


Salve, resplandecente e excelsa estrada

Sobre o mundo brumoso, estranho e incerto,

Que acolhe, em paz, o espírito liberto

Na vastidão da abóbada estrelada!


Oh! meu Jesus, que fiz na noite densa,

Por merecer tamanha recompensa

Se confundido e fraco me demoro?!


Recebe, ante a visão do Espaço Eleito,

A alegria que vasa de meu peito

Nas venturosas lágrimas que choro…


Jésus Gonçalves

Quando a pequena reunião terminou, a emoção não me permitiu a leitura. Dr. Raul Soares, vivamente sensibilizado, leu os versos e, no dia seguinte, seguiu com o Sr. Paula Cardoso, levando a mensagem para a cidade de Pirapitingui, de onde me escreveu, imediatamente, comunicando que Jésus havia desencarnado, alguns dias antes de nossas preces.

Notei que Chico se comovera demasiado ao rememorar a sessão descrita e, como já registrara notas suficientes para refletir nos escritores que haviam regressado da Vida Maior, conforme eles próprios haviam anunciado, encerrei a nossa conversação.




“Falando à Terra”, edição da FEB.


“Falando à Terra”, 1ª edição, págs. 76-87.


Dentre as páginas de Cornélio Pires, recebidas na noite referida, salientamos as trovas aqui transcritas que o médium conservou em seu arquivo, de vez que as demais mensagens se destinaram a amigos do poeta de Tietê.


“”, edição LAKE 1948, páginas 82 e 83.