Há cerca de dois anos, repórteres de conhecida revista mensal brasileira, atualmente fora de circulação, procuraram 10avier com uma série de indagações que foram por ele respondidas. O citado mensário não publicou esse curioso inquérito que foi conservado em nosso arquivo, por gentileza do médium, razão pela qual cedemos a peça ao “Anuário Espírita” de 1967, publicado em Araras, Estado de São Paulo, e agora, situamo-lo neste livro, em virtude de considerar os esclarecimentos prestados por Xavier, profundamente significativos para a elucidação dos assuntos que o seu quadragésimo ano de mediunidade ativa nos sugere.
Com esta explicação preliminar, passamos à interessante documentação:
R — O Espiritismo no Brasil é o Cristianismo redivivo. Religião e ação do Nosso Senhor Jesus-Cristo, através das explicações de Allan Kardec, junto do povo e com o povo, ensinando-nos com os princípios da evolução e da reencarnação, da fraternidade e da justiça, que todos somos responsáveis pelos próprios atos e que as Leis divinas funcionam na Terra ou em outros mundos nos mecanismos da consciência de cada um. Os benfeitores desencarnados esperam que essa noção fundamental do Espiritismo no Brasil alcance as múltiplas escolas do Espiritismo existentes em outros Países.
R — Admiramos profundamente todos os companheiros da mediunidade, que respeitam as funções em que foram situados pelas exigências da construção espírita-cristã.
R — Sinto-me na maravilhosa máquina do serviço espírita à feição de insignificante peça de emergência, precisando repelões e consertos constantes pelas imperfeições que traz.
R — O dever comum de servir na medida de nossas possibilidades.
R — Corrigir meus defeitos e fazer aos outros o que desejo para mim mesmo.
R — Sim.
R — Também.
R — Não.
R — Nem mais nem menos.
R — Não.
R — Cremos que, em matéria de compreensão e experiência, todos nos assemelhamos aos frutos que o tempo vai amadurecendo a pouco e pouco.
R — Quanto mais os Bons Espíritos escrevem por nosso intermédio fazendo luz, mais reconheço a extensão de minha ignorância pessoal.
R — Depois de meio século em minha atual reencarnação, sinto-me mais alegre e otimista.
R — Como não? A vida é a Presença Divina em toda parte.
R — Mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa.
R — Os livros produzidos mediunicamente por nosso intermédio pertencem aos autores desencarnados e o julgamento em torno deles, a meu ver, é função do público e não minha.
R — Acreditamos que para melhores esclarecimentos sobre médiuns e mediunidades, as obras de Allan Kardec devem ser consultadas e estudadas. Com todo o nosso respeito aos entrevistadores, devemos dizer que solicitar de nós uma explicação sobre Deus é o mesmo que pedir a um verme para que se pronuncie quanto à glória e a natureza do Sol, embora o verme, se pudesse falar, diria com toda certeza da veneração e do amor que consagra ao Sol que lhe garante a vida.
R — A mediunidade pode manifestar-se através da pessoa absolutamente inculta, mas os Bons Espíritos são de parecer que todos os médiuns são chamados a estudar a fim de servirem com mais segurança.
R — Grande misericórdia me fará a Providência Divina permitindo-me a possibilidade de continuar trabalhando e aprendendo.
R — Motivo de saúde.
R — Os benfeitores espirituais me auxiliaram a escolher o clima e o ambiente de Uberaba, como sendo, até agora, os mais adequados à minha saúde física e trabalho espiritual.
R — Tenho recebido da generosidade uberabense demonstrações de estima e apreço que nunca mereci.
R — Subordino o futuro aos Desígnios da Vida Superior.
R — Aposentei-me no Serviço Público Federal, na condição de escriturário, nível 8, em janeiro de 1961, por incapacidade física, depois de haver completado a quota de trinta anos de serviço.
R — Não.
R — Nunca os tive.
R — Sempre relativamente bem, de acordo com a bênção de Deus, exceção natural dos olhos, que os tenho enfermos, há muito tempo.
R — Às vezes.
R — Sim.
R — Médicos distintos e humanitários, tanto quanto benfeitores espirituais incansáveis, há mais de vinte anos, auxiliam-me a conservar o resto de visão física que possuo.
R — Não para tratamento dos olhos.
R — Não.
R — Comumente.
R — Sim.
R — Do ponto de vista orgânico, recebo minha antiga enfermidade do corpo como sendo débito de outras reencarnações que devo pagar com paciência.
R — Rigoroso e constante.
R — Diversos, para a sustentação dos olhos.
R — Seria uma provação sem ser uma tragédia.
R — Ofender ou prejudicar alguém.
R — Não sei de alguém na Terra que não tenha chorado alguma vez.
R — A solidão é boa somente para refletir, porque, sem dúvida, fomos criados para viver uns com os outros.
R — Sim.
R — Creio profundamente na segurança e na felicidade do nosso País.
R — Estou convencido de que todos os políticos, sejam eles quais forem, merecem o nosso respeito e a nossa cooperação para serem por nós aquilo que nós esperamos deles.
R — Roguemos a Jesus nos conceda governantes sempre progressistas e leais ao bem de todos.
R — Sim, pela riqueza do trabalho honesto que devemos cultivar indistintamente.
R — Em matéria de reformas, os benfeitores espirituais me ensinam que não devo esquecer primeiramente a que se refere à melhoria de mim mesmo.
R — A revolução em que acredito é aquela ensinada por Nosso Senhor Jesus-Cristo que começa pela corrigenda de cada um, na base do “façamos aos outros aquilo que desejamos que os outros nos façam”. (Mt
R — Todos somos irmãos perante Deus, guardadas as posições que o merecimento real em serviço e cultura conferem a cada um.
R — Creio nos benefícios da fraternidade sentida, admitida e praticada que Jesus nos ensinou e exemplificou.
R — Todos somos operários da vida e creio que a Bondade de Deus faz diariamente a promoção do trabalho para quem o procura, coroando de bênçãos o esforço honesto de toda pessoa, sem distinção de credos ou de atribuições, quem busque realmente servir.
R — Faltam-me quaisquer estudos sobre o marxismo.
R — Dizem que os aposentados estão em férias permanentes, mas prossigo trabalhando nas tarefas espíritas com o entusiasmo de sempre.
R — Sim.
R — Sim.
R — Preferentemente de ônibus.
R — Sim, quando não tenho a felicidade de viajar com os amigos.
R — De raro em raro, consigo uns dias de relativo repouso físico para refazimento.
R — Nunca mais de uns vinte dias por ano.
R — Sim, exercícios a pé.
R — Como avisos preciosos contra as imperfeições que carrego.
R — Acredito que tenho amigos que ficaram diferentes quando reconheceram que não sou a pessoa ideal que eles julgavam que eu fosse.
R — Sim.
R — Admiro todos os escritores bastante corajosos para esquecerem as conveniências pessoais, procurando escrever em auxílio real dos seus leitores.
R — Sim.
R — Minha deficiência ocular nunca me permitiu qualquer estudo especial, acerca de pintura, embora tenha o prazer de respeitar os bons quadros e admirá-los.
R — Sim.
R — Filmes que nos façam sentir melhores.
R — Sim, quando se trata da educação do sentimento popular, pois não acredito que Deus nos induza a conhecer a realidade para rebaixar-nos.
R — Respeito todos os artistas que auxiliam o povo a pensar e a agir para o bem comum.
R — O cinema é instrumento da educação, dependendo das diretrizes daqueles que o manejam.
R — Tanto quanto possível.
R — Dos antigos, admiramos profundamente Beethoven e Mendelssohn, sem esquecer o amor que consagramos aos compositores nossos, como sejam 5ila Lobos e, na música popular, o nosso inesquecível Noel Rosa.
R — Procuro os jornais que me ajudem a equilibrar o espírito e melhorar o sentimento.
R — Somente para efeito de informação.
R — Meu dia é demasiadamente vulgar para ser descrito.
R — Sete.
R — Trabalho com os amigos espirituais, seja psicografando ou revendo com eles as páginas de autoria deles mesmos sempre com a assistência de Emmanuel, o instrutor espiritual que nos orienta as faculdades mediúnicas, desde 1931.
R — Meio-dia.
R — Refeição comum do interior brasileiro.
R — Não tenho predileções.
R — Água.
R — Não.
R — Sim.
R — Sim.
R — Não.
R — Nas horas da tarde, além do tratamento ocular, atualmente ocupo-me de correspondência usual, de datilografia das páginas escritas pelos benfeitores espirituais por nosso intermédio, sob a orientação deles, a exceção dos domingos que dedico aos trabalhos de correspondência mais íntima.
R — Raramente.
R — Depois dos quarenta, deixei o hábito de jantar.
R — Os amigos espirituais ensinam que devemos comer só para viver, entretanto, estou aprendendo a lição vagarosamente.
R — Com as pessoas amigas, de cuja companhia possa dispor.
R — Nas noites de segundas, sextas-feiras e sábados, estou em contato com o público, nas reuniões da Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, habitualmente das dezenove horas até à madrugada; nas noites de quartas feiras, coopero nas reuniões íntimas de desobsessão, na mesma organização espírita a que me referi; nas noites de terças e quintas feiras, trabalho com Emmanuel e outros orientadores espirituais na formação de livros mediúnicos, e nas noites de domingos faço uma pausa para estudar os assuntos gerais da semana ou descansar os olhos da atividade intensiva.
R — Nunca me deito antes das duas da madrugada.
R — Sim.
R — Graças a Deus que todos temos neste mundo a felicidade de sonhar. Creio que Deus, da sua infinita bondade, nos reservou o sonho como sendo um direito de toda criatura, no qual nenhuma outra criatura consegue interferir.