Certa noite, depois de fervorosas súplicas, em companhia de sua mamãe, Leonardo dormiu e sonhou.
Teve a impressão de que o vento era um carro de asas veludosas, carregando-o, docemente, para muito longe…
Parecia-lhe viajar num avião diferente, sobre florestas e mares, cidades e rios, resplandecendo ao Sol.
Por fim, o carro deixou-o numa paisagem desconhecida.
Viu-se à beira de lago cristalino semelhante a imenso espelho encrespado pelas ondas buliçosas, e lembrou-se do Genesaré, onde o Senhor ensinara a verdade e o bem aos discípulos humildes.
Observava as águas tranquilas, que refletiam as luzes do firmamento, sentia o perfume das árvores adjacentes, quando notou que alguém se aproximava.
Gracioso bando de avezinhas apareceu, de imprevisto, bicando as flores e atirando as pétalas ao chão, como se elas estivessem enfeitando o caminho para o visitante inesperado.
O jovem contemplava-as sob forte admiração, indagando intimamente: “quem receberia semelhante homenagem da Natureza?”
Decorridos alguns instantes, sentiu-se à frente do próprio Cristo.
Não teve qualquer dúvida. A claridade sublime que se fazia em torno, o olhar suave e profundo, eram os do Mestre…