Você vai agora conhecer SABINA e seu Natal de rua,
SABINA — uma vida sem lua quase sem palavras entre cores e imagens, e nunca mais, leitor, você terá um só Natal com desamor.
SABINA — sofrida, desconsolada, se arrasta na vida com trapos e dor, com força de AMOR.
Palavras poucas, mas cores muitas, luzes sem conta e imagens loucas.
Natal sem SABINA, leitor, ah! Nunca mais…
SABINA — conquista você pelo olhar, pelo coração, pela mão, por não sei mais quê.
Ler SABINA é sofrer, é ver, é também viver — branco e preto, cores a flux, sombra e luz e depois JESUS.
Tudo é SABINA e sua sina…
A EDITORA
Leitor amigo:
Francisca Clotilde não é apenas a irmã que veneramos no Mundo Espiritual.
É igualmente a mestra e amiga que nos conquistou pelo coração.
Colecionadora de informes, episódios, ocorrências e anotações, em torno dos contatos de Jesus conosco, as criaturas da Terra, oferece-nos neste livro luminosa dádiva dos conhecimentos e lembranças que lhe enriquecem a vida. Mensagem de consolação e esperança que dispensa apresentação.
Confiamo-lo a você, dentro da emoção e da alegria com que recolhemos as instruções da generosa Autora, a quem devotamos amor e reconhecimento na maior expressão.
Creia. Entregando-lhe este brinde da alma, agimos com o respeito e o carinho de quem transmite uma bênção.
Uberaba, 19 de Março de 1973.
NATAL!… A cidade vibra. Desde muito anoiteceu. Ouvem-se vozes cantando: “Hosanas!… Jesus nasceu!…” Rodam carros apressados, Muitos grupos vão a pé… A alegria, em toda parte, Traduz esperança e fé. Enfeites! Guirlandas! Lojas!… Cores de todo matiz… Quantas mães falando em Deus!… Quanta criança feliz!… Estrelas lembram na Altura Alampadários em flor Descendo em bandos à Terra Para uma festa de AMOR. Em meio a tanto brilho, Quase de rastros no solo, Sabina passa na rua Com trapos a tiracolo. Andrajos cobrem-lhe o corpo; Na face desconsolada Traz ainda o pó viscoso Do leito sobre a calçada. Abeira-se de uma casa, Pede pão, diz que tem fome, Afirma-se fatigada, Há dois dias que não come… Um senhor enraivecido Ataca de rosto em brasa: — “ O hospício fica mais longe, Afaste-se desta casa…” Sabina toma outro rumo, Pede bolo à padaria, Vem um rapaz e responde Com manifesta ironia: — “Não vê que está na cachaça? Não nota que cambaleia? Saia daqui, saia agora!… Peça bolo na cadeia!…” A pobrezinha se arranca, Procura, em travessa ao lado, Antiga caixa de esgoto Num recanto abandonado. Em torno, a cidade brilha, Toda envolvida de luz!… Deitada no chão de pedra, Sabina pensa em JESUS… |
Onde nascera Sabina? Vivia, afinal, com quem? Era inútil perguntar, Ninguém sabia, NINGUÉM… Lavava roupa em fazendas, Capinava milharais; Depois, ficara doente… Ninguém a queria mais. Tivera um filho, o Antoninho, Que lhe fora apoio à vida… Morrera aos oito de idade, Com febre e tosse comprida. Desde a morte do menino, Fazia em tudo supor, Abatida e desgrenhada, Que enlouquecera de dor… Era triste, desleixada, Andava, de déu em déu, Se parava era somente A fim de fitar o céu. Nessa noite de alegria, Embora sem entende-las, Enfraquecida e cansada, Sabina olhava as estrelas. Parecia o firmamento Um campo da primavera… Onde estaria no Alto O filho que Deus lhe dera? Em lágrimas, recordava O Natal de antigamente, O barraco improvisado, O bule de café quente… Revia, a fel de saudade, Os sorrisos de Antoninho, Ao despejar-lhe nas mãos As dádivas do vizinho… Restava-lhe, unicamente, Depois do filhinho morto, Doença, frio, abandono, Sofrimento, desconforto… |
Nisso, alguém lhe surge à frente, Homem moço em largo manto, Por tudo e em tudo irradia Incomparável encanto. — “Sabina — falou o estranho — Em que pensa, triste assim? Não vê que a cidade inteira É um luminoso jardim?” Ela explica: — “Não, senhor, Nada vejo, em derredor, Quando é Noite de Natal, Meu sofrimento é maior…” — “Que quer você? — disse o jovem — Dinheiro? Roupas de renda? Um tanque para lavar, Um milharal de fazenda?!… — “Ah! Senhor — clamou a pobre, Tremendo na ventania — Se o Céu me escutasse agora, Nada disso pediria… “Como sempre, rogo em prece, Enferma e só como estou, O filho que Deus me deu E a morte me arrebatou…” — “Sua oração foi ouvida…” — Ele informa, face em luz. — “Quem ouço?… — indaga Sabina. Ele diz: — “Eu sou JESUS!…” Do manto Dele um pequeno Sai envolto em doce brilho… Clama o garoto: — “MAMÃE!…” Sabina grita: — “Ah! meu filho!…” Encontro, surpresa, bênção, Júbilo imenso depois… SABINA beijava o filho, JESUS abraçava os dois!… Naquelas pedras de rua, Que a luz do Céu banha e doura Clarões pintavam em prata Lembranças da Manjedoura. Logo após, os três partiam Ouvindo canções ditosas, Em nave feita de estrelas Emolduradas de rosas. Em toda parte, as legendas Que o mundo nunca esqueceu: — “Glória a Deus!… Paz sobre a Terra!… Hosanas!… Jesus nasceu!…” No outro dia, cedo ainda, Uma senhora na estrada, De longe, enxerga Sabina Como a dormir, recostada… A dama quase supõe Na pobre que conhecera Um retrato da alegria Numa escultura de cera. Volta à casa… Traz um caldo, Quer saber se a reconforta. Chama Sabina, de leve, Mas Sabina…estava morta. |
O livro Natal de Sabina foi composto entremeando textos e imagens representativas, que poderão serem apreciadas consultando o original impresso em papel.