A morte!… A morte real Começa, em verdade, a fundo, No esquecimento daqueles, Que mais amamos no mundo. Todo Espírito encarnado É um viajor em caminho… Sonha, sofre, luta e segue, Morrendo devagarinho… Virá o tempo da paz, Não te esqueças, coração, Em que tudo esquecerás E todos te esquecerão. A vida!… — que enorme enredo A luta na carne encerra!… A morte!… — quanto segredo Em sete palmos de terra!… Lei que vemos, face à face, E ninguém pode esconder: Toda pessoa que nasce Começa logo a morrer. A morte chega por vezes, Age de chofre e sem planos, Só vem sepultar a vida Que está morta há muitos anos… A morte não é mensagem Fora do senso comum, A morte nasce na vida Da vida de cada um. A sombra em que a morte avança Não dói mais quando nos leva, Porque temos a esperança Por doce luar na treva. Finados!… Saudade atroz Em nosso pesar profundo!… Quantos mortos temos nós Nos campos santos do mundo!… Se dizes que a vida é nada, Que tudo no mundo é vão, Olha a semente enterrada, Ressuscitando no chão!… |