Orvalho de Luz

Capítulo III

Letreiros da morte



Saudade de alguém que morre

Significa, no fundo,

Aroma do roseiral

Que o morto plantou no mundo.


A morte não provocada

É bênção que Deus envia,

Lembrando noite estrelada

Quando chega o fim do dia.


A Terra — escola bendita,

O sofrimento — lição.

O corpo — a prisão da vida.

A morte — libertação.


Para quem cumpre o dever,

Por mais que o dever enfade

A morte é a cadeia aberta

No dia da liberdade.


Procura o bem, faze o bem,

Não percas tempo, nem vez,

Que a gente leva da vida

Somente a vida que fez.