Páginas de fé

Capítulo XIII

Realmente…



Realmente, ao alvorecer do novo dia, que é a reencarnação, começamos a jornada à maneira de pássaros felizes.

A alegria e a confiança representam nosso clima comum e, dentro da inspiração da fraternidade, guardamos a ideia de que nossos sentimentos prosseguem no espírito de quantos nos partilham os propósitos renovadores.

O júbilo canta em todas as manifestações e celebramos verbalmente o pacto luminoso do apoio recíproco na romagem da renovação.

Entretanto, quando o sol do meio-dia pede o suor do trabalho, a caravana diminui e, quando as nuvens prometem borrasca, são raros aqueles que não se confiam à fuga precipitada, em busca dos abrigos fantasiosos da ilusão.

Chegados a semelhantes obstáculos na marcha, é necessário centralizar o coração naquele que nos ama desde o princípio para que não venhamos a sucumbir, porque a indiferença costuma desfigurar o entusiasmo, o desalento se espalha entre fluidos enregelantes, o abandono e o receio aparecem fustigando-nos o ideal de servir, a incompreensão cerra as portas de almas cuja dedicação era nosso estímulo e a maldade, por tóxico sutil, alcança caracteres e consciências respeitáveis, atrasando o nosso relógio de ascensão.

Só o Cristo, no imo de nosso próprio ser, pode fortalecer-nos em ocasiões dessa espécie, de vez que é necessário perseverar até o fim. (Mt 10:22)

A peregrinação para o reencontro do Amigo Divino não pode ser diferente.

Muitos chamados pela graça, (Mt 22:14) poucos os que se elegem pelo esforço próprio.

Muitos que prometem obras mil e raros cogitam da regeneração de si mesmos, para que o apostolado do Senhor não se faça esquecido.

O preço da luz, porém, é a liquidação da treva e para que a sombra desapareça devemos combater, ainda, com todas as forças do espírito.

Vale, todavia, o sacrifício, porque só aquele que amealha energias no coração, para superar as próprias fraquezas, consegue a luz dos cimos.

Dolorosa é a subida, inquietante é a aflição, lamentável é a morte para os nossos antigos enganos na Terra, mas, a ressurreição permanece plena de verdade e poder.

Ainda que os nossos companheiros mais amados não possam sentar-se conosco, à mesa das aflições, para o repasto da renúncia e da humildade, em aprendizado de cada dia com o Mestre dos Mestres, prossigamos, porque o Amor nos espera com Jesus, de braços abertos, no calvário de nossa justa libertação.




(Psicografia de Francisco C. Xavier)