Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Agradecimentos



Grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação. Espírita Brasileira, particularmente à Diretoria da Instituição pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João 5itor, 9 anos, e Ana Clara, 11 anos, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa por meio da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.




Fac-símile do comentário mais antigo a integrar a coleção, referente a Jo 10:30, publicado em novembro de 1940 na revista Reformador.





N. E.: Essa mensagem no 4° volume da coleção O Evangelho por Emmanuel, mas, considerando seu conteúdo e significação, optamos por incluí-la também no início de cada volume.




Apresentação



O constitui uma resposta sublime de Deus aos apelos aflitos das criaturas humanas.

Constituído por 27 livros, que são: os 4 , 1 , 1 carta do apóstolo Paulo , 2 , 1 , 1 , 1 , 1 , 2 , 2 , 1 , 1 , 1 , 1 , 2 , 3 , 1 e o .

A obra, inspirada pelo Senhor Jesus, que vem atravessando os dois primeiros milênios sob acirradas lutas históricas e teológicas, pode ser considerada como um escrínio de gemas preciosas que rutilam sempre quando observadas.

Negada a sua autenticidade por uns pesquisadores e confirmada por outros, certamente que muitas apresentam-se com lapidação muito especial defluente da época e das circunstâncias em que foram grafadas em definitivo, consideradas algumas como de natureza canônica e outras deuterocanônicas, são definidas como alguns dos mais lindos e profundos livros que jamais foram escritos. Entre esses, o , portador de beleza incomum, sem qualquer demérito para os demais.

Por diversas décadas, o nobre Espírito Emmanuel, através do mediumato do abnegado discípulo de Jesus, Francisco Cândido Xavier, analisou incontáveis e preciosos versículos que constituem o Novo Testamento, dando-lhe a dimensão merecida e o seu significado na atualidade para o comportamento correto de todos aqueles que amam o Mestre ou o não conhecem, sensibilizando os leitores que se permitiram penetrar pelas luminosas considerações.

Sucederam-se centenas de estudos, de pesquisas preciosas e profundas, culminando em livros que foram sendo publicados à medida que eram concluídos.

Nos desdobramentos dos conteúdos de cada frase analisada, são oferecidos lições psicológicas modernas e psicoterapias extraordinárias, diretrizes de segurança para o comportamento feliz, exames e soluções para as questões sociológicas, econômicas, étnicas, referente aos homens e às mulheres, aos grupos humanos e às Nações, ao desenvolvimento tecnológico e científico, às conquistas gloriosas do conhecimento, tendo como foco essencial e transcendente o amor conforme Jesus ensinara e vivera.

Cada página reflete a claridade solar na escuridão do entendimento humano, contribuindo para que o indivíduo não mais retorne à caverna em sombras de onde veio.

Na condição de hermeneuta sábio, o nobre Mentor soube retirar a ganga que envolve o diamante estelar da revelação divina, apresentando-o em todo o seu esplendor e atualidade, porque os ensinamentos de Jesus estão dirigidos a todas as épocas da humanidade.

Inegavelmente, é o mais precioso conjunto de estudos do evangelho de que se tem conhecimento através dos tempos, atualizado pelas sublimes informações dos Guias da sociedade, conforme a Revelação Espírita.

Dispondo dos originais que se encontram na Espiritualidade superior, Emmanuel legou à posteridade este inimaginável contributo de luz e de sabedoria.

Agora enfeixados em novos livros, para uma síntese final, sob a denominação O Evangelho por Emmanuel, podem ser apresentados como o melhor roteiro de segurança para os viandantes terrestres que buscam a autoiluminação e a conquista do reino dos Céus a expandir-se do próprio coração.

Que as claridades miríficas destas páginas que se encontram ao alcance de todos que as desejem ler, possam incendiar os sentimentos com as chamas do amor e da caridade, iluminando o pensamento para agir com discernimento e alegria na conquista da plenitude!


Salvador (BA), 15 de agosto de 2013.




N. E.: Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.




Prefácio



O é a base de uma das maiores religiões de nosso tempo. Ele traz a vida e os ensinos de Jesus da forma como foram registrados por aqueles que, direta ou indiretamente, tiveram contato com o Mestre de Nazaré e sua mensagem de amor que reverbera pelos corredores da história.

Ao longo dos séculos, esses textos são estudados por indivíduos e comunidades, com o propósito de melhor compreender o seu conteúdo. Religiosos, cientistas, linguistas e devotos, de variados credos, lançaram e lançam mão de suas páginas, ressaltando aspectos diversos, que vão desde a história e confiabilidade das informações nelas contidas, até padrões desejáveis de conduta e crença.

Muitas foram as contribuições, que ao longo de quase dois mil anos, surgiram para o entendimento do Novo Testamento. Essa, que agora temos a alegria de entregar ao leitor amigo, é mais uma delas, que merece especial consideração. Isso porque representa o trabalho amoroso de dois benfeitores, que, durante mais de sessenta anos, se dedicaram ao trabalho iluminativo da senda da criatura humana. Emmanuel e Francisco Cândido Xavier foram responsáveis por uma monumental obra de inestimável valor para nossos dias, particularmente no que se refere ao estudo e interpretação da mensagem de Jesus.

Os comentários de Emmanuel sobre o Evangelho encontram-se espalhados em 138 livros e 441 artigos publicados ao longo de trinta e nove anos nos periódicos Reformador e Brasil Espírita. Por essa razão, talvez poucos tenham a exata noção da amplitude desse trabalho, que totaliza 1.616 mensagens sobre mais de mil versículos. Todo esse material foi agora compilado e organizado em uma coleção, cujo primeiro volume é o que ora apresentamos ao público.

Essa coletânea proporciona uma visão ampliada e nova do que representa a contribuição de Emmanuel, para o entendimento e resgate do Novo Testamento. Em primeiro lugar, porque possibilita uma abordagem diferente da que encontramos nos livros e artigos, que trazem, em sua maioria, um versículo e um comentário em cada capítulo. Neste trabalho, os comentários foram agrupados pelos versículos a que se referem, possibilitando o estudo e a reflexão sobre os diferentes aspectos abordados pelo autor. Encontraremos, por exemplo, 21 comentários sobre Mt 5:44-11 comentários sobre Jo 8:32-8 sobre Lc 17:21. Ao todo, 305 versículos receberam do autor mais de um comentário. Relembrando antigo ditado judaico, “a Torá tem setenta faces”, Emmanuel nos mostra que o Evangelho tem muitas faces, que se aplicam às diversas situações da vida, restando-nos a tarefa de exercitar a nossa capacidade de apreensão e vivência das lições nele contidas. Em segundo lugar, porque a ordem dos comentários obedece a sequência dos 27 textos que compõem o Novo Testamento. Isso possibilitará ao leitor localizar mais facilmente os comentários sobre um determinado versículo. O projeto gráfico foi idealizado também com este fim. A coleção é composta de sete volumes:

Volume 1 - Comentários ao Evangelho segundo Mateus.

Volume 2 - Comentários ao Evangelho segundo Marcos.

Volume 3 - Comentários ao Evangelho segundo Lucas.

Volume 4 - Comentários ao Evangelho segundo João.

Volume 5 - Comentários ao At.

Volume 6 - Comentários às cartas de Paulo.

Volume 7- Comentários às cartas universais e ao Apocalipse.

Em cada volume foram incluídas introduções específicas, com o objetivo de familiarizar o leitor com a natureza e características dos escritos do Novo Testamento, acrescentando, sempre que possível, a perspectiva espírita.


Metodologia

O conjunto das fontes pesquisadas envolveu toda a obra em livros de Francisco Cândido Xavier, publicada durante a sua vida; todos os fascículos de Reformador, de 1927 até 2002, e todas as edições da revista Brasil Espírita. Dos 412 livros de Chico Xavier, foram identificados 138 com comentários de Emmanuel sobre o Novo Testamento.

A equipe organizadora optou por atualizar os versículos comentados de acordo com as traduções mais recentes. Isso se justifica porque, a partir da década de 60, os progressos, na área da crítica textual, possibilitaram um avanço significativo no estabelecimento de um texto grego do Novo Testamento, que estivesse o mais próximo possível do original. Esses avanços deram origem a novas traduções, como a Bíblia de Jerusalém, bem como correções e atualizações de outras já existentes, como a João Ferreira de Almeida. Todo esse esforço tem por objetivo resgatar o sentido original dos textos bíblicos. Os comentários de Emmanuel apontam na mesma direção, razão pela qual essa atualização foi considerada adequada. Nas poucas ocorrências em que essa opção pode suscitar questões mais complexas, as notas auxiliarão o entendimento. A tradução utilizada para os Evangelhos e Atos foi a de Haroldo Dutra Dias.

Foram incluídos todos os comentários que indicavam os versículos de maneira destacada ou que faziam referência a eles no título ou no corpo da mensagem.

Nos casos em que o mesmo versículo aparece em mais de uma parte do Novo Testamento e que o comentário não deixa explícito a qual delas ele se refere, optou-se por uma, evitando a repetição desnecessária do comentário em mais de uma parte do trabalho. A Tabela de correspondência de versículos traz a relação desses comentários, indicando a escolha feita pela equipe e as outras possíveis.

Os textos transcritos tiveram como fonte primária os livros e artigos publicados pela FEB. Nos casos em que um mesmo texto foi publicado em outros livros, a referência desses está indicada em nota.


A história do projeto O Evangelho por Emmanuel

Esse trabalho teve duas fases distintas. A primeira iniciou em 2010, quando surgiu a ideia de estudarmos o Novo Testamento nas reuniões do culto no lar. Com o propósito de facilitar a localização dos comentários de Emmanuel, foi elaborada uma primeira relação ainda parcial. Ao longo do tempo, essa relação foi ampliada e compartilhada com amigos e trabalhadores do movimento espírita.

No dia 2 de março de 2013, iniciou-se a segunda e mais importante fase. Terezinha de Jesus, que já conhecia a relação por meio de palestras e estudos que desenvolvemos no Grupo Espírita Operários da Espiritualidade em Brasília, comentou com o então e atual vice-presidente da FEB, Geraldo Campetti Sobrinho, que havia um trabalho sobre os comentários de Emmanuel que merecia ser conhecido. Geraldo nos procurou e marcamos uma reunião para o dia seguinte, na sede da FEB, às nove horas da manhã. Nessa reunião, o que era apenas uma relação de 29 páginas tornou-se um projeto de resgate, compilação e organização do que é um dos maiores acervos de comentários sobre o Evangelho. A realização dessa empreitada seria impensável para uma só pessoa, por isso uma equipe foi reunida e um intenso cronograma de atividades foi elaborado. As reuniões para acompanhamento, definições de padrões, escolhas de metodologias e análise de situações ocorreram praticamente todas as semanas desde o início do projeto até a sua conclusão.

O que surgiu inicialmente em uma reunião familiar composta por algumas pessoas em torno do Evangelho, hoje está colocado à disposição do grande público, com o desejo sincero de que a imensa família humana se congregue cada vez mais em torno desse que é e será o farol imortal a iluminar o caminho de nossas vidas. Relembrando o Mestre inesquecível em sua confortadora promessa:

Pois onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou no meio deles. (Mt 17:20)


Brasília, 15 de agosto de 2013.




N. E.: Nesta publicação, foram adotadas as seguintes siglas: MT - Mateus; LC - Lucas; MC - Marcos; JO - João.




Introdução



O é o primeiro dos 27 textos que compõem o . Esses escritos não eram reunidos em um conjunto como os temos hoje em nossas bíblias. Isso só ocorreu a partir de um processo relativamente longo e complexo denominado canonização. Entretanto, desde quando surgiram as primeiras listas e menções ao que deveria ser lido e estudado nas comunidades primitivas, Mateus aparece quase sempre em primeiro lugar.

Os originais desse evangelho, assim como de todo o Novo Testamento, não sobreviveram até os nossos dias. O que temos hoje de mais próximo dos primeiros escritos são cópias feitas principalmente em grego koinè (comum), que datam, salvo pequenos fragmentos de manuscritos, do século II em diante.

Acredita-se que a redação final do Evangelho segundo Mateus tenha ocorrido por volta do ano 70 e que o seu compilador tenha utilizado como fontes outros textos mais antigos que transitavam em sua época, como: o evangelho de Marcos ou uma versão primitiva dele; um conjunto de ditos de Jesus denominado na atualidade como fonte Q, da qual não temos nenhum manuscrito; e outras histórias e relatos transmitidos por escrito e pela tradição oral.


O autor

Embora as tradições antigas atribuam ao apóstolo Mateus a autoria desse evangelho, nenhuma indicação existe no texto que possa atestar essa afirmação de maneira direta. O nome Mateus aparece uma única vez nesse evangelho, referindo-se ao coletor de impostos que recebe o chamado de Jesus (Mt 9:9). Esse coletor de impostos nos evangelhos de Marcos (Mc 2:14) e Lucas (Lc 5:27) é chamado de Levi, razão pela qual acredita-se que Mateus e Levi sejam a mesma pessoa. Humberto de Campos, no livro Boa Nova, relata que havia um grau de parentesco entre esse apóstolo e Jesus. É possível considerar que Mateus, em decorrência da cultura e dos recursos que o cargo de coletor de impostos lhe conferia, tenha sido um dos mais habilitados a registrar os ensinos e fatos sobre a vida de Jesus.

É interessante notar que Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, relata que quando Paulo de Tarso, após seu encontro com Jesus na estrada para Damasco, recebe a visita de Ananias, este trazia “alguns pergaminhos amarelentos, nos quais conseguira reunir alguns elementos da tradição apostólica”. Nesses pergaminhos, havia parte do que hoje conhecemos como O Evangelho segundo Mateus. Segundo o mesmo relato, “[…] somente na igreja do Caminho, em Jerusalém, poderíamos obter uma cópia integral das anotações de Levi”. O quanto dessas anotações compõe o que chegou até nossos dias como Evangelho segundo Mateus é uma questão em aberto.

O texto que temos hoje foi, quase certamente, compilado por alguém que conhecia as tradições e práticas judaicas e destinado a um grupo que também possuía tal conhecimento. Isso porque, o compilador, em passagens como Mt 15:2, em que Jesus é questionado sobre a razão pela qual os discípulos violam a tradição dos antigos, não lavando as mãos quando comem, não se preocupa em explicar a que tradições e hábitos se refere. É provável que o texto de Mateus não inclua essa explicação por supor que seus leitores estivessem familiarizados com tais práticas. Em Marcos (Mc 7:1), ao contrário, há uma explicação relativamente longa desses costumes. Outro ponto que apoia essa ideia é a presença de elementos específicos da linguagem semítica como, por exemplo, a expressão “reino dos Céus”, comumente utilizada para referir-se ao Altíssimo, cujo nome não deveria ser pronunciado. Ela aparece 27 vezes no Novo Testamento e todas elas nesse evangelho. Nas passagens paralelas dos evangelhos de Lucas e Marcos, essa expressão é substituída por “reino de Deus”.

Embora os manuscritos antigos não tenham divisões de capítulos e versículos e nem mesmo espaço entre as palavras, o texto que encontramos hoje está dividido em 28 capítulos. É o segundo texto mais longo dos quatro evangelhos, com 1.071 versículos, perdendo em tamanho apenas para o Evangelho segundo Lucas, com 1.151.


Características distintivas

Muito do que possuímos de relatos acerca da vida e ensinos de Jesus tem suas origens, exclusivamente, no evangelho de Mateus. Por exemplo: a narrativa da visita dos sábios do oriente por ocasião do nascimento de Jesus (Mt 2:1); a totalidade das bem aventuranças e outras partes do Sermão do Monte (Mt 5:3); a parábola do joio e do trigo e sua explicação por Jesus (Mt 13:24; Mt 13:36); o episódio em que Pedro caminha sobre as águas (Mt 14:28); a ressurreição de muitos santos quando da crucificação de Jesus (Mt 27:52); e o fim trágico de Judas (Mt 27:3), são narrativas encontradas somente nesse evangelho.

É nele que encontramos o maior número de menções e referências ao Velho Testamento. Talvez por isso também tenha sempre figurado em primeiro lugar, representando uma ponte entre a mensagem de Jesus e a da primeira aliança. Essa ponte é bem evidenciada em dois aspectos:

Em primeiro lugar, Mateus apresenta Jesus como alguém que valoriza os costumes e leis judaicas, chegando a afirmar que “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas, não vim destruir mas cumprir” (Mt 5:17). Dessa forma, Jesus aparece como aquele que cumpre na sua integridade a fidelidade a Deus, sendo, portanto, o “filho do homem” modelo, que se mantém fiel onde outros falharam, demonstrando, ao mesmo tempo, a natureza dessa fidelidade e os resultados que dela decorrem.

Em segundo lugar, é nesse evangelho que vamos encontrar o maior número de citações do , trazidas com o propósito de demonstrar que Jesus apresenta as qualidades daquele que era esperado como o Messias do povo judeu.

Mateus também traz um duplo aspecto de particularismo e universalismo. Ao mesmo tempo em que ele reconhece as profundas vinculações da mensagem de Jesus para com o povo judeu (Mt 10:5), ele amplia seu alcance estendendo-a a todos os povos da Terra (Mt 28:19). O Cristo não é, portanto, somente o redentor do povo judeu, mas seus ensinos deverão ser ouvidos e praticados em todas as nações.

Por último, é possível reconhecer, nesse evangelho, traços marcantes de esperança e consolo para os pequenos e excluídos, para os que sofrem e choram. Jesus chega a se auto identificar com um deles e o bem que se lhes fizer é também a Ele que se o faz (Mt 25:40). Há, assim, uma importante revisão das expectativas que buscam estabelecer relações entre as conquistas materiais e as vitórias espirituais. É na Sua mensagem e exemplo que se encontra o caminho para o repouso das almas cansadas e sobrecarregadas (Mt 11:25). O Cristo que nasce é a esperança que se renova para toda a humanidade revelando o sentido profundo da profecia que diz: e ele se chamará Εμμανουήλ (Emmanuel), que traduzido significa Deus está conosco (Mt 1:23).




Nota do coordenador: A própria palavra bíblia deriva do vocábulo grego βίβλια (bíblia) que significa livros ou escritos.


Nota do coordenador: , capítulo 5, “Os discípulos”.


Nota do coordenador: , segunda parte, capítulo 1, “Rumo ao deserto”


Nota do coordenador:


Nota do coordenador: Há certo consenso de que pelo menos dez citações de Mateus referem-se ao cumprimento de profecias existentes no Velho Testamento: Mt 1:23; Mt 2:15; Mt 2:18; Mt 2:23; Mt 4:15; Mt 8:17; Mt 12:18; Mt 13:55; Mt 21:5 e Mt 17:9.




Na obra espírita



20/05/1957


Para que nós, os espíritas, não venhamos a falsear a profecia de que somos portadores, é imprescindível nos atenhamos à obra de amor e luz que nos cabe na concretização dos princípios do Mestre, cuja lição levantamos dos velhos sepulcros da letra em que se nos aprisiona a experiência religiosa.

Disse-nos o Senhor: “Não julgueis para que não sejas julgado”. (Mt 7:1) Isto, decerto, não equivale dizer que é preciso abolir a análise do nosso campo de inteligência, mas sim que toda condenação é vinagre no pão da fraternidade com que pretendemos nutrir a concórdia entre os homens.

Asseverou, de outra feita: “Serás medido com medida idêntica a que aplicares a teu irmão”. (Mt 7:1) Isto também não indica que devamos marchar indiferentes a confrontações e definições, necessárias à elevação de nível do progresso que nos é próprio, mas sim que usar as armas da ironia ou da violência com que somos defrontados no roteiro comum será o mesmo que atirar petróleo à fogueira, com o propósito de extinguirmos o incêndio da crueldade.

Lembremo-nos, pois, na oficina de trabalho a que fomos conduzidos, de que somente amando aos inimigos e ajudando aos que nos perseguem, através do silêncio digno e da oração espontânea, segundo os ensinamentos do divino Orientador, que nos propomos seguir, é que realmente seremos fiéis à luz profética com que somos chamados a construir a nova mentalidade cristã para os novos tempos.

Conjuguemos, assim, emoções e pensamentos, palavras e atitudes, atos e fatos, num só objetivo: a obra de genuíno esclarecimento das almas, com base em nosso próprio testemunho de serviço e de amor, na certeza de que se a árvore, no quadro da natureza, retira do adubo repelente a seiva fecundante que lhe assegura a frutescência em plenitude de substância e beleza, também nós outros, escravizados ainda em nossas próprias imperfeições, podemos retirar delas os mais santos recursos de aprendizado, aproveitando-os, na consecução da tarefa redentora que nos compete realizar e atingindo, por fim, a verdadeira comunhão com aquele que é para nós todos, na Terra, a luz do caminho, o alimento da verdade e a glória incessante da vida.




Nota do Editor: Mensagem psicografada por Chico Xavier no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo | MG.

[Essa mensagem foi publicada também em 1989 pela editora IDEAL e é a 2ª lição do livro: “”.]




Ante o ofensor



Aquele que nos fere terá assumido, aos nossos olhos, a feição de inimigo terrível, no entanto, o Divino Mestre, que tomamos por guia de nosso pensamento e conduta, determina venhamos a perdoá-lo setenta vezes sete. (Mt 18:22)

Por outro lado as ciências psicológicas da atualidade, absolutamente concordes com Jesus, asseveram que é preciso desinibir o coração de quaisquer ressentimentos e estabelecer o equilíbrio na governança de nossas potências mentais a fim de que a tranquilidade se nos expresse na existência em termos de saúde e harmonia.

Como, porém, realizar semelhante feito?

Entendendo-se que a compreensão não é fruto de afirmativas labiais, é forçoso reconhecer que o perdão exige operações profundas nas estruturas da consciência.

Se um problema desse nos aflora o cotidiano, — a nós, os que aspiramos a seguir o Cristo, — pensemos primeiramente em nosso opositor na condição de filho de Deus, tanto quanto nós, e situando-nos no lugar dele, imaginemos em como estimaríamos que a Lei de Deus nos tratasse, em circunstâncias análogas.

De imediato observaremos que Deus está em nosso assunto desagradável tanto quanto um pai amoroso e sábio se encontra moralmente na contenda dos filhos.

Então, à luz do sentimento novo que nos brotará do ser, examinaremos espontaneamente até que ponto teremos ditado o comportamento do adversário para conosco.

Muito difícil nos vejamos com alguma parte de culpa nos sucessos indesejáveis de que nos fizemos vítimas, mas ao influxo da Divina Providência, a cujo patrocínio recorremos, ser-nos-á possível recordar os nossos próprios impulsos menos felizes, as sugestões delituosas que teremos lançado a esmo, as pequenas acusações indébitas e as diminutas desconsiderações que perpetramos, às vezes, até impensadamente, sobre o companheiro que não mais resistiu à persistência de nossas [mesmas] provocações, caindo, por fim, na situação de inimigo perante nós outros.

Efetuado o autoexame, a visão do montante de nossas falhas não mais nos permitirá emitir qualquer censura em prejuízo de alguém.

Muito pelo contrário, proclamaremos, de pronto no mundo íntimo a urgente necessidade [de amparo] da Misericórdia Divina para o nosso adversário e para nós.

Então, [à frente de qualquer agressor,] não mais falaremos no singular diante daquele que nos fere: — “eu te perdoo”, e sim, perante qualquer ofensor com que sejamos defrontados no caminho da vida, diremos sinceramente a Deus em oração: — “Pai de Infinita Bondade, perdoai a nós dois.”




O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo bastante nas palavras marcadas e [entre colchetes], foi publicado em 1971 pela FEB e é a 15ª lição do livro “”




Harmonia dos quatro Evangelhos




HARMONIA DOS QUATRO EVANGELHOS.


FIM DA HARMONIA.



Os versos indicam onde principiam os trechos.


E. C.: A era cristã inicia-se quatro anos depois do nascimento de Jesus Cristo.




Índice dos CAPÍTULOS do Testamento Xavieriano



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As lições psicografadas em parceria com Francisco Cândido Xavier pelos médiuns , e devem ser procuradas em suas respectivas biografias. Coletânea de mensagens do .



Estudos Sistematizado e Aprofundado da Doutrina Espírita.



Estudos Sistematizado e da Doutrina Espírita.

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