O é o primeiro dos 27 textos que compõem o . Esses escritos não eram reunidos em um conjunto como os temos hoje em nossas bíblias. Isso só ocorreu a partir de um processo relativamente longo e complexo denominado canonização. Entretanto, desde quando surgiram as primeiras listas e menções ao que deveria ser lido e estudado nas comunidades primitivas, Mateus aparece quase sempre em primeiro lugar.
Os originais desse evangelho, assim como de todo o Novo Testamento, não sobreviveram até os nossos dias. O que temos hoje de mais próximo dos primeiros escritos são cópias feitas principalmente em grego koinè (comum), que datam, salvo pequenos fragmentos de manuscritos, do século II em diante.
Acredita-se que a redação final do Evangelho segundo Mateus tenha ocorrido por volta do ano 70 e que o seu compilador tenha utilizado como fontes outros textos mais antigos que transitavam em sua época, como: o evangelho de Marcos ou uma versão primitiva dele; um conjunto de ditos de Jesus denominado na atualidade como fonte Q, da qual não temos nenhum manuscrito; e outras histórias e relatos transmitidos por escrito e pela tradição oral.
Embora as tradições antigas atribuam ao apóstolo Mateus a autoria desse evangelho, nenhuma indicação existe no texto que possa atestar essa afirmação de maneira direta. O nome Mateus aparece uma única vez nesse evangelho, referindo-se ao coletor de impostos que recebe o chamado de Jesus (Mt
É interessante notar que Emmanuel, no livro Paulo e Estêvão, relata que quando Paulo de Tarso, após seu encontro com Jesus na estrada para Damasco, recebe a visita de Ananias, este trazia “alguns pergaminhos amarelentos, nos quais conseguira reunir alguns elementos da tradição apostólica”. Nesses pergaminhos, havia parte do que hoje conhecemos como O Evangelho segundo Mateus. Segundo o mesmo relato, “[…] somente na igreja do Caminho, em Jerusalém, poderíamos obter uma cópia integral das anotações de Levi”. O quanto dessas anotações compõe o que chegou até nossos dias como Evangelho segundo Mateus é uma questão em aberto.
O texto que temos hoje foi, quase certamente, compilado por alguém que conhecia as tradições e práticas judaicas e destinado a um grupo que também possuía tal conhecimento. Isso porque, o compilador, em passagens como Mt
Embora os manuscritos antigos não tenham divisões de capítulos e versículos e nem mesmo espaço entre as palavras, o texto que encontramos hoje está dividido em 28 capítulos. É o segundo texto mais longo dos quatro evangelhos, com 1.071 versículos, perdendo em tamanho apenas para o Evangelho segundo Lucas, com 1.151.
Muito do que possuímos de relatos acerca da vida e ensinos de Jesus tem suas origens, exclusivamente, no evangelho de Mateus. Por exemplo: a narrativa da visita dos sábios do oriente por ocasião do nascimento de Jesus (Mt
É nele que encontramos o maior número de menções e referências ao Velho Testamento. Talvez por isso também tenha sempre figurado em primeiro lugar, representando uma ponte entre a mensagem de Jesus e a da primeira aliança. Essa ponte é bem evidenciada em dois aspectos:
Em primeiro lugar, Mateus apresenta Jesus como alguém que valoriza os costumes e leis judaicas, chegando a afirmar que “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas, não vim destruir mas cumprir” (Mt
Em segundo lugar, é nesse evangelho que vamos encontrar o maior número de citações do , trazidas com o propósito de demonstrar que Jesus apresenta as qualidades daquele que era esperado como o Messias do povo judeu.
Mateus também traz um duplo aspecto de particularismo e universalismo. Ao mesmo tempo em que ele reconhece as profundas vinculações da mensagem de Jesus para com o povo judeu (Mt
Por último, é possível reconhecer, nesse evangelho, traços marcantes de esperança e consolo para os pequenos e excluídos, para os que sofrem e choram. Jesus chega a se auto identificar com um deles e o bem que se lhes fizer é também a Ele que se o faz (Mt
Nota do coordenador: A própria palavra bíblia deriva do vocábulo grego βίβλια (bíblia) que significa livros ou escritos.
Nota do coordenador: , capítulo 5, “Os discípulos”.
Nota do coordenador: , segunda parte, capítulo 1, “Rumo ao deserto”
Nota do coordenador:
Nota do coordenador: Há certo consenso de que pelo menos dez citações de Mateus referem-se ao cumprimento de profecias existentes no Velho Testamento: Mt