Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CXIII

Orai pelos que vos perseguem



O conselho de Jesus, no que se refere à oração pelos nossos perseguidores não se baseia tão somente na lei universal da bondade para com os semelhantes.

Vai mais além. Fundamenta-se no princípio justo das correspondências.

O ódio, o crime, a calúnia segregam forças perniciosas e destrutivas. O perseguidor encarcera-se no abismo das inquietações; o criminoso, onde estiver, é prisioneiro da consciência, guardado pelo remorso, então transformado em sentinela vigilante; o caluniador envolve-se na peçonha dos próprios atos. Emitem pensamentos destruidores, como o pântano os elementos mortíferos.

Na lei das trocas, que rege todos os fenômenos da vida, os semelhantes atraem-se uns aos outros. Odiar aos que odeiam, retribuir o mal com o mal, seria abrir portas em nós mesmos à selvageria dos que nos convocam a suas furnas de trevas.

Alimentemos a chama benéfica que indique o caminho santo do bem mas evitemos o incêndio devastador que aniquila as possibilidades da vida. Contra a labareda criminosa do mal, façamos chover os pensamentos calmantes do bem.

Toda vez que a onda escura da perseguição nos procure envolver na luta digna, oremos e vigiemos. Encontrando-nos a resistência fraternal, voltarão os fios negros aos seus próprios autores, encasulando-os em sua obra.

Orai pelos que vos perseguem e caluniam, acendei a luz dos pensamentos nobres no círculo de sombras dos que vos tentam confundir, certos de que a maldade é o inferno dos maus e que cada Espírito carrega na vida o abismo tenebroso ou a montanha de luz, dentro de si mesmo.




(Reformador, agosto de 1944, p. 167)