Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CXXII

Bondade



Ao apelo do Divino Mestre, recomendando-nos “sede perfeitos”, (Mt 5:48) evitemos a indesejável resposta da aflição.

Ninguém pode trair os princípios de sequência que governam a Natureza e o tempo será sempre o patrimônio divino, em cujas bênçãos alcançaremos as realizações que a vida espera de nós.

Antes de cogitar da colheita atendamos à sementeira.

Antecipando a construção do teto de nossa casa espiritual, no aprimoramento que nos cabe atingir, edifiquemos os alicerces no chão de nossas possibilidades humildes, erguendo sobre eles as paredes de nossa renovação, a fim de não nos perdermos em movimento vazio.

Iniciemos a perfeição de amanhã com a bondade de hoje.

Ninguém é tão deserdado no mundo que não possa começar com o êxito necessário.

Não intentes curar o enfermo de momento para outro. Cede-lhe algumas gotas de remédio salutar.

Não busques regenerar o delinquente a rudes golpes verbais. Ajuda-o, de algum modo, oferecendo-lhe algumas frases de fraternidade e compreensão.

Não procures estabelecer a verdade num gesto impetuoso de esclarecimento espetacular, acreditando desfazer as ilusões de muito tempo, em um só dia. Enceta a obra do reajuste moral com os teus pequeninos gestos de sinceridade à frente de todos.

Não suponhas seja possível a milagrosa transformação de alguém, no caminho empedrado da crueldade ou da ignorância. Faze algo que possa servir de plantação inicial de luz no Espírito que te propões reformar.

E, ainda, em se tratando de nós, não julgues seja fácil converter nossa própria alma para Jesus, num instante rápido. Trazemos conosco vasto acervo de sombras e precisamos serenidade e diligência para desintegrá-las, pouco a pouco, ao preço de nossa própria submissão à Lei do Senhor que nos rege os destinos.

Se realmente nos dispomos à aceitação do ensinamento do Divino Mestre, usemos a bondade, em todos os momentos da vida. Bondade para com o próximo, bondade para com os ausentes, bondade para com os nossos opositores, bondade para com todas as criaturas que nos cercam.

A bondade é a chave da simpatia e do conhecimento com que descerraremos a passagem para as Esferas superiores. Com ela, seremos mais humanos, mais amigos e mais irmãos.

Avancemos, assim, com a bondade por norma de ação, retificando em nossa estrada os aspectos e experiências que nos desagradam na estrada dos outros e, desse modo, estejamos convictos de que o sonho sublime de nosso aperfeiçoamento encontrará, em breve futuro, plena concretização na 5ida eterna.




(Reformador, março de 1957, página 69)