Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CXXIV

Assunto de perfeição



“Sede perfeitos, qual o nosso Pai Celestial.” (Mt 5:48)

Essa afirmativa de Jesus, evidentemente correta diante da vida, nos impele a reconhecer que o Divino Mestre nos endereça o convite à perfeição, mas não estabelece data certa para o evento sublime.

Necessitamos, no entanto, observar que nós outros, inteligências em evolução, estamos na Terra na condição de Espíritos encarnados ou ainda vinculados ao planeta, na posição de Espíritos desencarnados, caminhando entre o nascer e o renascer, a fim de alcançarmos o celeste objetivo.

Matriculados no Orbe Terrestre, através dos séculos, nele dispomos da escola precisa ao nosso burilamento.

Para isso, a Divina Providência, mobilizando vários canais de manifestação, nos oferece o material de que carecemos para edificarmos a construção de nós mesmos, no encalço das finalidades supremas.

É assim que o fracasso nos sugere recapitulação e recomeço;

o sofrimento nos incita ao exercício da paciência;

a enfermidade no corpo nos induz à disciplina;

o tumulto nos compele à serenidade;

a injúria e outras modalidades da ofensa nos inclinam à tolerância e ao perdão;

a ignorância nos pede o apoio do esclarecimento;

as expressões de ódio com escalas pela cólera e pelo ressentimento nos conduzem ao amor que o próprio Cristo nos legou;

a inveja é um desafio à nossa capacidade de autossuperação;

a violência nos revela o imperativo da compaixão, com as providências justas para que se lhe extingam as demonstrações de crueldade;

a indiferença nos acena ao entusiasmo com que nos cabe encontrar o nosso próprio lugar no campo das boas obras;

a inércia nos chama às vantagens do trabalho;

e a própria malícia leciona discernimento, obrigando-nos a aprender seleção e reflexão.


Nem sempre aceitamos com facilidade as lições que nos são enviadas pela Sabedoria da Vida; tantas vezes, porém, recusaremos os ensinamentos da escola em que nos encontramos quantas voltaremos a faceá-los, agora ou no futuro, amanhã ou depois de amanhã. E, enquanto se nos perdure a repetência, reconhecer-nos-emos na posição de aprendizes, reclamando paz. Sem dúvida, usufruiremos a paz pela qual suspiramos, mas, em princípio, necessitamos observar que a paz alcançará, primeiramente, aqueles que souberem doá-la em benefício dos outros, sabendo passar sem ela.