Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CCXLIII

Acendamos a luz da vida



“Ressuscitai os mortos” (Mt 10:8) — disse-nos o Senhor — mas se é verdade que não podemos ordenar a um cadáver se levante, é justo tentemos o reavivamento daqueles que nos acompanham, muitas vezes, mortificados pela dor ou necrosados pela indiferença.

Não nos esqueçamos. Os verdadeiros mortos estão sepultados na carne terrestre.

Alguns permanecem no inferno do remorso ou do sofrimento criados por eles mesmos, acreditando-se relegados a supremo abandono; outros jazem no purgatório da aflição a que se arrojaram, desprevenidos, em dolorosas súplicas de auxílio; e ainda outros repousam, inadvertidamente, em supostos céus de adoração religiosa, que, em muitos casos, são simples faixas de ociosidade mental.

Aguçai a visão e observemos a infortunada caravana de fantasmas que seguem, vacilantes e enganados, dentro da vida.

Há quem morreu sufocado em orgulho vão, no mausoléu da vaidade infeliz.

Há quem permaneça cadaverizado em sepulcro de ouro, incapaz de um simples olhar à plena luz.

Há mortos que vos partilham o pão cotidiano, no túmulo das terríveis ilusões que lhes anulam a existência e há corações paralíticos no catre da crueldade e da incompreensão que nos armam ciladas de angústia, a cada passo, para os quais se faz imprescindível a assistência de nossa devoção fraternal infatigável.

Se Cristo penetrou o templo de vossa alma, auxiliemo-los na necessária ressurreição.

Acendamos a luz da vida.

Trabalhemos no bem, enriquecendo as horas da peregrinação terrena com os melhores testemunhos de nossa boa vontade para com os semelhantes em nome do Mestre da Redenção, para quem o nosso espírito já se inclina, à maneira da planta à procura do sol, de vez que somente irradiando a luz do Amor Infinito conseguiremos aniquilar e vencer, na Terra, as densas trevas da morte.