Quem abraça os princípios cristãos se converte em soldado d’Aquele que nos disse: “Eu não venho trazer a paz e sim a espada”. (Mt
Nessas palavras, o Senhor refere-se claramente à guerra em que nos achamos alistados para o serviço ativo.
O campo belicoso, porém, permanece na intimidade de nós mesmos.
A ação é contra nós, contra as comodidades do “eu”, contra a cristalização do nosso egoísmo multissecular.
O plano de combate jaz estruturado no Evangelho redentor, cujas indicações deveremos realmente viver, se buscarmos triunfo.
Nossas armas, por isso, na ofensiva contra os inimigos gratuitos e naturais que a nossa posição acordará, são, invariavelmente, o amor, a compreensão, a piedade e o auxílio incessantes.
Reconhecemos, pois, que o discípulo da Boa Nova é alguém que se bate contra as deformidades espirituais de si mesmo, trabalhando constantemente pela própria melhoria, de modo a atingir a vitória sobre si próprio, a única que, efetivamente, constitui a glória do Espírito imperecível para a Vida abundante.
Achamo-nos, desse modo, em luta, em luta áspera, na fortaleza do próprio coração, informados de que não é possível a movimentação de nosso trabalho fraternal sem inimigos, em tarefa ativa, por expulsar os velhos sentimentos delituosos que se nos aninham em nossa alma, sob a capa respeitável da dignidade pessoal, e a fim de incorporarmos à vida íntima os ensinamentos vivos do Mestre salvador.
E, notificados de que Ele mesmo, por amar-nos e servir-nos, não conseguiu escapar ao extremo sacrifício, busquemos eleger a humildade perante o orgulho, o silêncio diante do mal, o serviço à frente do ataque e a serenidade ao lado da violência, por normas ideais de trabalho, no testemunho de reconhecimento ante a graça recebida para alcançarmos, valorosamente, a vitória real na estrada sublime da cruz, em plena ascensão para a vida maior.
(Reformador, junho de 1953, página 142)