Para que possamos movimentar a fé no plano exterior, é indispensável venhamos a possuí-la, ainda mesmo na diminuta proporção de uma semente de mostarda, no solo de nosso próprio espírito.
Assim, pois, é indispensável arrotear a terra seca e empedrada de nosso mundo interior, para ambientar em nosso coração essa planta divina.
A vida é qual fazenda valiosa de que somos usufrutuários felizes; mas não podemos aprimorá-la ou enriquecê-la, confiando-nos à preguiça ou à distração.
O proprietário da vinha não cederia ao lavrador uma enxada com destino à ferrugem.
A gleba das possibilidades humanas, em nossas mãos, reclama trabalho incessante e incansável boa vontade.
É imperioso remover, no campo de nossa alma, os calhaus da indiferença, e drenar, na vasta extensão de nossos desejos, os charcos da ociosidade e do desânimo.
Serpes traiçoeiras e vermes daninhos ameaçam-nos a sementeira de elevação, por todos os lados, e detritos de variada natureza tentam sufocar instintivamente os germens de nossos pequeninos impulsos para o bem.
É necessário, assim, alterar a paisagem de nossa vida íntima, para que a fé viva nasça e se desenvolva em nossos destinos, por gradativo investimento de força transformadora e criativa, dotando-nos de abençoadas energias para as nossas realizações de ordem superior.
“Se tiveres fé no simples tamanho dum grão de mostarda” — disse-nos o Senhor — “adquirireis o poder de transportar montanhas.” (Mt
Aproveitemos, desse modo, a luta e a dificuldade que a experiência nos oferece, cada dia, e habilitar-nos-emos a converter as sombras da antiga animalidade, em divina luz da espiritualidade santificante para a nossa ascensão à vida eterna.
(Reformador, junho 1955, página 137)