Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CCCVIII

No exame do perdão




Observemos o ensinamento do Cristo, acerca do perdão.

Note-se que o Senhor afirma, convincente: — “Se o vosso irmão agiu contra vós…” (Mt 18:15) Isso quer dizer que Jesus principia considerando-nos na condição de pessoas ofendidas, incapazes de ofender; ensina-nos a compreender os semelhantes, crendo-nos seguros no trato fraternal.

Nas menores questões de ressentimento, sujeitemo-nos a desapaixonado autoexame.

Quem sabe a reação surgida contra nós terá nascido de ações impensadas, desenvolvidas por nós mesmos?

Se do balanço de consciência estivermos em débito para com os outros, tenhamos suficiente coragem de solicitar-lhes desculpas, diligenciando sanar a falta cometida e articulando serviço que nos evidencie o intuito de reparação.

Se nos sentimos realmente feridos ou injustiçados, esqueçamos o mal. Na hipótese de o prejuízo alcançar-nos individualmente e tão somente a nós, reconheçamo-nos igualmente falíveis e ofertemos aos nossos inimigos imediatas possibilidades de reajuste. Se, porém, o dano em que fomos envolvidos atinge a coletividade, cabendo à justiça e não a nós o julgamento do golpe verificado, é claro que não nos compete louvar a leviandade. Ainda assim, podemos reconciliar-nos com os nossos adversários, em espírito, orando por eles e amparando-os, por via indireta, a fim de que se valorizem para o bem geral nas tarefas que a vida lhes reservou.

De qualquer modo, evitemos estragar o pensamento com o vinagre do azedume. Nem sempre conseguimos jornadear, nas sendas terrestres, junto de todos, porquanto, até que venhamos a completar o nosso curso de autoburilamento no instituto da evolução universal, nem todos renasceremos simultaneamente numa só família e nem lograremos habitar a mesma casa.

Sigamos, assim, de nossa parte, vida afora, em harmonia com todos, embora não possamos a todos aprovar, entendendo e auxiliando, desinteressadamente, aqueles diante dos quais ainda não possuímos o dom de agradar em pessoa, e rogando a Bênção Divina para aqueles outros junto de quem não nos será lícito apoiar a delinquência ou incentivar a perturbação.



(Psicografia de Francisco C. Xavier)


TEMAS ESTUDADOS NESTE E NO PRÓXIMO CAPÍTULO

Aprendizado evolutivo — Balanço de consciência — Jesus e perdão — Na esfera das ações humanas — Problema de harmonia — Reconciliação