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Cultivar a misericórdia não é alçar exclamações de piedade inativa para o Céu, lastimando os males do próximo com a boca e guardando os braços em repouso, diante do sofrimento alheio que nos convoca ao auxílio, à fraternidade e à cooperação.
Aprendamos a cultuar a misericórdia do silêncio, perante os erros do vizinho, ou da ação benfeitora, ajudando àqueles que nos desajudam, amparando aos que nos descompreendem e estendendo mãos amigas aos perturbados, aos tristes e aos indiferentes.
Defrontado pelo rico, sê misericordioso para com ele, a fim de que o ouro não lhe enregele o coração.
À frente do necessitado, sê igualmente misericordioso, a fim de que a carência de recursos materiais não lhe induza o espírito à revolta e à maldade.
Se usares a misericórdia para com o teu companheiro, no lar ou na tenda de trabalho, a serenidade será um bálsamo a fluir de teu verbo e a extravasar-se de tua alma, erguendo a paz que ilumina e socorre a todos.
Quantas vezes nos fazemos autores da indisciplina e da insubmissão, da secura e da aspereza, em torno dos próprios passos, por falta de misericórdia em nossas palavras e em nossos pensamentos? Plantemo-la em nosso caminho, trabalhando, construindo e colaborando incessantemente com o bem, na certeza de que a compaixão não é remédio para os dias cor-de-rosa e sim para os momentos de tempestade e incompreensão.
Bem-aventurados os misericordiosos que lutam e sofrem, que se agitam e trabalham na materialização do bem comum, porque todos aqueles que fazem da piedade o serviço constante do amor encontram realmente as portas abertas para o Reino de Deus.