Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo CCCLXXII

Dinheiro, o servidor



“Disse-lhes o Senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel; sobre muito te colocarei.” — JESUS (Mt 25:23)


“A pobreza é para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.” —


O dinheiro é semelhante a alavanca suscetível de ser manejada para o bem ou para o mal.

Acorrentado ao poste da avareza, produz o azinhavre da sovinice, contudo, sob a inspiração do trabalho, é o lidador fiel que assegura os frutos do milharal e as paredes da escola, a cantiga do malho e a força da usina.

Atrelado ao carro do orgulho, é o estimulante do erro, mas, na luz da fraternidade, é o obreiro da renovação incessante, enriquecendo o solo e construindo a cidade, desdobrando os fios do atendimento e garantindo os valores da educação.

Aferrolhado no cofre da ambição desvairada, é o inimigo da evolução, todavia, endereçado à cultura, é o agente do progresso, auxiliando o homem a solucionar os enigmas da enfermidade e a resolver os problemas da fome, a compreender os mecanismos da natureza e a inflamar o esplendor da civilização que analisa a terra e vasculha o firmamento.

Detido na sombra do egoísmo, é o veneno que promove a secura do sentimento, no entanto, confiado à caridade, é o amigo prestimoso que desabotoa rosas de alegria no espinheiral da provação, alimentando pequeninos desamparados e sustentando mães esquecidas, levantando almas abatidas que o infortúnio alanceia e iluminando lares desditosos que a necessidade escurece.

Dinheiro! Repara o dinheiro! Dizem que ele é o responsável pelo transeunte que a embriaguez atira à calçada, pelo delinquente escondido nas aventuras da noite, pelo irmão infeliz que anestesiou a consciência na cocaína e pela mão insensível que matou a criancinha no claustro materno, entretanto, por trás da garrafa e da arma delituosa, tanto quanto na retaguarda do entorpecente e do aborto, permanece a inteligência humana, que escraviza a moeda à criminalidade e à loucura.

Contempla o dinheiro, pensando no suor e no sangue, na vigília e na aflição de todos aqueles que choraram e sofreram para ganhá-lo e vê-lo-ás por servidor da felicidade e do aprimoramento do mundo, a rogar em silêncio para que lhe ensines a realizar o bem que lhe cabe fazer.




(Reformador, janeiro de 1963, p. 13)