Se podes transportar as dificuldades que te afligem num corpo robusto e razoavelmente nutrido, reflete naqueles nossos irmãos da família maior que a penúria vergasta.
Diante deles, não permitas que considerações de natureza inferior te cerrem as portas do sentimento. Se algo possuis para dar, não atrases a obra do bem e nem te baseies nas aparências para sonegar-lhes cooperação.
Aceitemo-los como sendo tutores paternais ou filhos inesquecíveis largados no mar alto da experiência terrestre e que a maré da provação nos devolve, qual se fossemos para eles o cais da esperança.
Muitos chegam agressivos; entretanto, não julgues sejam eles especuladores da violência. Impacientaram-se na expectativa de um socorro que se lhes afigurava impossível e deixaram que a desesperação os enceguecesse.
Outros se apresentam marcados por hábitos lastimáveis ; todavia, não admitas estejam na posição de escravos irresgatáveis do vício. Atravessaram longas trilhas de sombra, e, desenganados quanto à chegada de alguém que lhes fizesse luz no caminho, tombaram desprevenidos nos precipícios da margem.
Surpreendemos os que aparecem exteriormente bem-postos e aqueles que dão a ideia de criaturas destituídas de qualquer noção de higiene, mas não creias, por isso, vivam acomodados à impostura e ao relaxamento. Um a um, carregam desdita e enfermidade, tristeza e desilusão.
Não duvidamos de que existam, em alguns raros deles, orgulho e sovinice ; no entanto, isso nunca sucede no tamanho e na extensão da avareza e da vaidade que se ocultam em nós, os companheiros indicados a estender-lhes as mãos.
Se rogam auxílio, não poderiam ostentar maior credencial de necessidade que a dor de pedir.
Sobretudo, convém acrescentar que nenhum deles espera possamos resolver-lhes todos os problemas cruciais do destino. Solicitam somente essa ou aquela migalha de amor, à feição do peregrino sedento que suplica um copo d’água para ganhar energia e seguir adiante.
Esse pede uma frase de bênção, aquele um sorriso de apoio, outro mendiga um gesto de brandura ou um pedaço de pão… Abençoa-os e faze, em favor deles, quanto possas, sem te esqueceres de que o Eterno Amigo nos segue os passos, em divino silêncio, após haver dito a cada um de nós, na acústica dos séculos: — “Em verdade, tudo aquilo que fizerdes ao menor dos pequeninos é a mim que o fizestes”. (Mt
(Psicografia de Francisco C. Xavier)
TEMAS ESTUDADOS NESTE E NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Conduta e conciliação — Conflitos conjugais — Família humana — Imperativo da caridade — Matrimônio — Religião e casamento