Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo LXXVIII

Adversários e delinquentes



“Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele…” — JESUS (Mt 5:25)


Jesus nos solicitou a imediata reconciliação com os adversários, para que a nossa oração se dirija a Deus, escoimada de qualquer sentimento aviltante.

Não ignoramos que os adversários são nossos opositores ou, mais propriamente, aqueles que alimentam pontos de vista contrários aos nossos. E muitos deles, indiscutivelmente, se encontram em condições muito superiores às nossas, em determinados ângulos de serviço e merecimento. Não nos cabe, assim, o direito de espezinhá-los e sim o dever de respeitá-los e cooperar com eles, no trabalho do bem comum, embora não lhes possamos abraçar o quadro integral das opiniões.

Há companheiros, porém, que, atreitos ao comodismo sistemático, a pretexto de humildade, se ausentam de qualquer assunto em que se procura coibir a dominação do mal, esquecidos de que os nossos irmãos delinquentes são enfermos necessitados de amparo e intervenção compatíveis com os perigos que apresentem para a comunidade.

Todos aqueles que exercem algum encargo de direção sabem perfeitamente que é preciso velar em defesa da obra que a vida lhes confiou.

Imperioso manter-nos em harmonia com todos os que não pensam por nossos princípios, entretanto, na posição de criaturas responsáveis, não podemos passar indiferentes diante de um irmão obsidiado, que esteja lançando veneno em depósitos de água destinada à sustentação coletiva.

Necessitamos acatar os condôminos do edifício que nos serve de residência, toda vez que não consigam ler os problemas do mundo pela cartilha de nossas ideias, todavia, não será justo desinteressar-nos da segurança geral, se vemos um deles ateando fogo no prédio.

Vivamos em paz, contudo, sem descurar das responsabilidades que o discernimento nos atribui. Com isso, não queremos dizer que se deva instalar a discórdia, em nome da corrigenda, mas sim que é obrigação preservar a ordem nas áreas de trabalho, sob nossa jurisdição, usando clareza e ponderação, caridade e prudência.

Cristo, em verdade, Mt 5:25, do Evangelho de Mateus, nos afirma: “reconcilia-te depressa com o teu adversário”, mas no Lc 16:2, do Evangelho de Lucas, não se esqueceu de acrescentar: “dá conta de tua mordomia”.