Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Capítulo LXXXVI

Verbo e atitude



Reunião pública de 3 de Junho de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


Disse um grande filósofo:

— “Fala para que eu te veja.”

Muita gente acrescentará:

— “Escreve para que eu te veja melhor.”

E ousaríamos aduzir:

— “Age para que eu te conheça.”

Julgarás o amigo pela linguagem que use; entretanto, para além da apreciação vulgar, todos necessitamos do justo discernimento.


Marat falava com mestria, arrebatando o ânimo da multidão, mas instigava a matança dos compatriotas que não lhe esposassem as diretrizes.

Marco Aurélio, o imperador chamado magnânimo, escrevia máximas de significação imortal; no entanto, ao mesmo tempo determinava o martírio de cristãos indefesos, acreditando, com isso, homenagear a virtude.

O “Werther”, de Goethe, é um poema de magnífica expressão literária, mas não deixa de ser vigorosa indução ao suicídio.

As declarações de guerra são, de modo geral, documentos primorosamente lavrados; todavia, representam a miséria e a morte para milhões de pessoas.

Há jornalistas e escritores que figuram na galeria dos mais sábios filólogos, e, apesar disso, molham a pena em sangue e lama, para gravarem as ideias com que acentuam os sofrimentos da Humanidade.


Tanto quanto possível, escrevamos certo, sem a obsessão do dicionário.

A gramática é a lei que preside a esfera das palavras. A instrução cerebral, porém, quando sem bases no sentimento, é semelhante à luz exterior.

Há luz na lâmpada disciplinada que auxilia e constrói e há luz no fogo descontrolado que incendeia e consome.

Identifica o mensageiro, encarnado ou desencarnado, pela mensagem que te dê, mas, se é justo lhe afiras a cultura, é imprescindível anotes a orientação que está dentro dela.

O navio pode ser muito importante, mas é preciso ver o rumo para o qual se encaminha o leme.

Se o verbo apresenta, a atitude dirige. É por isso que Jesus nos advertiu:

— “Seja o vosso falar sim, sim; e não, não.” (Mt 5:37)




Era assim que Sócrates, o grande filósofo, concitava seus discípulos ao discurso.