Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Capítulo LXI

Bilhete fraterno



“Qualquer que vos der a beber um copo d’água em meu nome, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão”. (Mc 9:41)


Meu amigo, ninguém te pede a santidade dum dia para outro. Ninguém reclama de tua alma espetáculos de grandeza.

Todos sabemos que a jornada humana é inçada de sombras e aflições criadas por nós mesmos.

Lembra-te, porém, de que o Céu nos pede solidariedade, compreensão, amor…

Planta uma árvore benfeitora, à beira do caminho.

Escreve algumas frases amigas que consolem o irmão infortunado.

Traça pequenina explicação para a ignorância.

Oferece a roupa que se fez inútil agora ao teu corpo ao companheiro necessitado, que segue à retaguarda.

Divide, sem alarde, as sobras de teu pão com o faminto.

Sorri para os infelizes.

Dá uma prece ao agonizante.

Acende a luz de um bom pensamento para aquele que te precedeu na longa viagem da morte.

Estende o braço à criancinha enferma.

Leva um remédio ou uma flor ao doente.

Improvisa um pouco de entusiasmo para os que trabalham contigo.

Emite uma palavra amorosa e consoladora onde a candeia do bem estiver apagada.

Conduze uma xícara de leite ao recém-nascido que o mundo acolheu sem um berço enfeitado.

Concede alguns minutos de palestra reconfortante ao colega abatido. O rio é um conjunto de gotas preciosas.

A fraternidade é um sol composto de raios divinos, emitidos por nossa capacidade de amar e servir. Quantos raios libertaste hoje do astro vivo que é teu próprio ser imortal?

Recorda o Divino mestre que teceu lições inesquecíveis, em torno do vintém de uma viúva pobre, (Mc 12:41) de uma semente de mostarda, (Mt 13:31) de uma dracma perdida (Lc 15:8)

Faze o bem que puderes. Ninguém espera que apagues sozinho o incêndio da maldade. Dá o teu copo de água fria.




(Reformador, maio 1960, p. 98)