Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Capítulo LXVI

Pequeninos



“Em verdade vos digo que aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança nele não entrará.” — JESUS (Mc 10:15)


“A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesma modo que a tomou como humildade.” — ()


No mundo, resguardamos zelosamente livros e pergaminhos, empilhando compêndios e documentações, em largas bibliotecas, que são cofres fortes do pensamento.

Preservamos tesouros artísticos de outras eras, em museus que se fazem riquezas de avaliação inapreciável.

Perfeitamente compreensível que assim seja. A educação não prescinde da consulta ao passado.

Acautelamos a existência de rebanhos e plantações contra flagelos supervenientes, despendendo milhões para sustar ou diminuir a força destrutiva das inundações e das secas.

Mobilizamos verbas astronômicas, no erguimento de recursos patrimoniais, devidos ao conforto da coletividade, tanto no sustento e defesa das instituições, quanto no equilíbrio e aprimoramento das relações humanas.

Claramente normal que isso aconteça. É indispensável prover às exigências do presente com todos os elementos necessários à respeitabilidade da vida.

Urge, entretanto, assegurar o porvir, a esboçar-se impreciso, no mando ingênuo da infância.

Abandonar pequeninos ao léu, na civilização magnificente da atualidade, é o mesmo que levantar soberbo palácio, farto de viandas, abarrotado de excessos e faiscante de luzes, relegando o futuro dono ao relaxamento e ao desespero, fora das portas.

A criança de agora erigir-se-nos-á fatalmente em biografia e retrato depois. Além de tudo, é preciso observar que, segundo os princípios da reencarnação, os meninos de hoje desempenharão, amanhã, junto de nós, a função de pais e conselheiros, orientadores e chefes.

Não nos cansemos, pois, de repetir que todos os bens e todos os males que depositarmos no espírito da criança ser-nos-ão devolvidos.




(Reformador, julho 1963, p. 154)