Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Capítulo LXXX

Os minutos de Deus



Se é imperioso reconhecer a nossa obrigação de dar a César o que é de César, (Mt 22:21) somos constrangidos a observar que a experiência material reclama excessivamente da criatura.

O homem, quando integrado em suas funções habituais, é convidado a obrigações mil cada dia.

Preocupações, ansiedades, exigências e ilusões obscurecem a visão da alma encarnada que, pouco a pouco, quase sempre, desce devagar ao abismo largo da tristeza e do desencanto, quando não dispõe dos recursos da fé.

Isso, contudo, acontece vulgarmente porque raros são os homens que se lembram dos minutos de Deus, no círculo das horas.

Não nos esqueçamos de que o poder humano, seja qual for a sua origem, procede do Eterno Pai, e, se é justo pagar os tributos que nos competem na Esfera densa quando nos envolvemos nos fluidos carnais, ninguém está impedido de libertar-se, em espírito, a fim de procurar o Senhor e fruir-lhe a bondade infinita.

Inicia a tua obra de autolibertação, concedendo alguns instantes ao Criador em suas criaturas e em suas edificações, cada dia, distribuindo algo de ti mesmo em amor, em generosidade, em paz, cooperação, bom ânimo e alegria e observarás que o espaço e o tempo do Senhor, em tua vida, crescerão gradativamente, exonerando-te de pesados impostos para com a experiência comum.

Entrega a César o que a ele pertence, mas não olvides as obrigações que nos ligam ao Céu, porque, assim, nos adiantaremos para o Alto, confiando os nossos melhores sentimentos ao culto da fraternidade, com trabalho espontâneo a benefício dos nossos semelhantes, em toda parte.

Ninguém permanece inibido de cultivar a verdadeira felicidade, que somente floresce e frutifica no santuário do coração.

Consagremos, pois, a Deus, os minutos de bondade e harmonia que devemos improvisar em Seu Nome, em favor da comunidade, dentro da qual evoluímos na luta cotidiana, e o Senhor, em sua magnanimidade imensurável, nos entregará a Eternidade com libertação imperecível.




(Reformador, dezembro 1953, página 280)