Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Capítulo LXXXVII

Não vos enganeis



“E Jesus respondendo-lhes começou a dizer: — Olhai que ninguém vos engane…” — (Mc 13:5)


Na atualidade, quando os grandes conflitos atormentam os povos, é interessante recordar ensinamentos do Mestre, por demonstrar o caráter sempre novo de suas lições sublimes.

No momento que passa, fala-se da arma psicológica do quinta-colunismo, organização dissolvente das energias internas das nacionalidades. Comenta-se a situação criada por elementos dessa natureza, destaca-se-lhe o perigo.

Entretanto, há vinte séculos, Jesus recomendava aos continuadores devotada atenção nesse sentido. Vemo-lo no Evangelho de Marcos respondendo à consulta da multidão referentemente ao trabalho renovador do futuro e, em primeiro lugar, induz o discípulo à vigilância para que ninguém o engane em seu ideal sublime.

Com essa atitude, queria esclarecer o Senhor que os insucessos nunca vêm essencialmente do exterior, da pressão de armas furiosas, do criminoso ataque da violência. A derrocada começa também de dentro para fora.

Capitular o cristão diante do mal, escutar-lhe os alvitres venenosos, no pressuposto de ganhar títulos fáceis, é perder a grande batalha da vida.

O trabalho do Cristo é a instituição universal da verdade e do bem e se as menores instituições do direito humano são defensáveis, que não dizer da organização sublime do Salvador?

Toda atividade defensiva da paz digna e laboriosa é cooperação com Jesus. Mas as esferas numerosas de trabalho comum estão cheias de aprendizes descuidosos e invigilantes.

É preciso, porém, que os Espíritos enganados renovem interpretações e revejam caminhos percorridos. Obscurecer, falsear, iludir constituem armas invisíveis e mortíferas dos que operam a confusão.

O discípulo do Cristo não deve ignorar que se encontra em luta permanente contra o mal, em si mesmo, e não deve desconhecer que a falência nasce do engano, da insegurança e vacilação.

Quando tantas coletividades se aprestam à defesa da ordem e dos princípios cristãos, lembremos que o Mestre não esqueceu de incluir a coluna da mentira, entre os mais implacáveis inimigos da humanidade liberta.