“Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.” — (Mc
Esse grito de ironia dos homens maliciosos continua vibrando através dos séculos.
A criatura humana não podia compreender o sacrifício do Salvador. A Terra apenas conhecia vencedores que chegavam brandindo armas, cobertos de glórias sanguinolentas, heróis da destruição e da morte, a caminho de altares e monumentos de pedra.
Aquele Messias, porém, distanciara-se do padrão habitual. Para conquistar, dava de si mesmo; a fim de possuir, nada pretendia dos homens para si próprio; no propósito de enriquecer a vida, entregava-se à morte.
Em vista disso, não faltaram os escarnecedores no momento extremo, interpelando o Divino Triunfador, com mordaz expressão.
Nesse testemunho, ensinou-nos o Mestre que, ao nos salvarmos, no campo da maldade e da ignorância ouviremos o grito da malícia geral, nas mesmas circunstâncias.
Se nos demoramos colados à ilusão do destaque, se somos trabalhadores exclusivamente interessados em nosso engrandecimento temporário na Esfera carnal, com esquecimento das necessidades alheias, há sempre muita gente que nos considera privilegiados e vitoriosos; se ponderamos, no entanto, as nossas responsabilidades graves no mundo, chama-nos loucos e, quando nos surpreende em experiências culminantes, revestidas da dor sagrada que nos arrebata a Esferas sublimes, passa junto de nós exibindo gestos irônicos e, recordando os altos princípios esposados por nossa vida, exclama, desdenhosa: — “Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.”