Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Lucas

Capítulo CVII

Emprego de riquezas



“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de alguém não consiste da abundância daquilo que possui.” — JESUS — (Lc 12:15)


“Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra.” —


Foge de reprovar todos aqueles que transitam na Terra sob a cruz do dinheiro, a definir-se, frequentemente, por fardo de aflição.

Não somente os depósitos amoedados podem ser convertidos em trabalho renovador e santificante.

Todas as disponibilidades da natureza são forças neutras. O ouro e o vapor, a eletricidade e o magnetismo não são maus e nem bons em si mesmos; o uso é o denominador comum que lhes revela os bens ou os males decorrentes do controle e da orientação que lhes imprimimos.

Meditemos na utilização daquelas outras riquezas que nos felicitam a cada hora.

No teste individual, é desnecessário ir longe para a justa demonstração.

Ouçamos a consciência sobre o aproveitamento de todas as preciosas possibilidades do corpo que nos patenteiam a mente.

Diante de uma cena suspeitosa, observemos a conduta que ditamos aos olhos para que nos auxiliem a fixar as imagens edificantes, com espontâneo desinteresse por todos os ingredientes capazes de formar o vinagre da injúria.

Escutando essa ou aquela notícia inusitada, reparemos a diretriz que impomos aos próprios ouvidos, de modo a que retenham o melhor das informações recolhidas, a fim de que a nossa palavra se abstenha de tudo o que possa constituir agravo a instituições e pessoas.

À frente do trabalho, é preciso anotar que espécie de comportamento indicamos aos nossos implementos de manifestação, para que não nos disponhamos a ilaquear os deveres que nos competem, com flagrante prejuízo dos outros.

Em assuntos do sentimento, será forçoso perguntar, no íntimo, quanto ao procedimento que sugerimos aos nossos recursos de expressão afetiva, para que, em nome do amor, não venhamos a precipitar corações sensíveis e generosos em abismos de criminalidade e desilusão.

Reflitamos nos talentos divinos que nos abençoam em todas as esferas da existência e, desejando felicidade e vitória, a todos os nossos amigos que se movimentam, no mundo, sob o peso da fortuna transitória, com difíceis problemas a resolver, anotemos com imparcialidade como empregamos, dia a dia, os créditos do tempo e os tesouros da vida, para que venhamos a saber com segurança o que estamos fazendo realmente de nós.




(Reformador, fevereiro 1963, p. 32)