“E todos os seus conhecidos e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe, vendo estas coisas.” — (Lc
A solidão de Jesus no Calvário é uma lição viva aos discípulos do Evangelho, em todos os tempos.
Quase sempre os aprendizes procuram impor ao próximo o seu modo de sentir.
Às vezes, quando menos avisados, raiam pela imprudência, ansiosos da renovação imediata de amigos, conhecidos, familiares.
Suas atividades se convertem num conjunto de inquietações indevidas. Andam esquecidos de que cada um será compelido ao testemunho nos grandes momentos.
E, quando chegado o ensejo, devem contar, acima de tudo, com Deus e consigo próprios.
Jesus, no apostolado da luz e do bem, junto ao espírito popular, formara compacta legião de amigos.
Todos os beneficiários de sua obra o seguiam em admiração constante.
Volteavam-lhe em torno dos passos não só os admiradores, os aprendizes, os curiosos, mas, também os doentes da véspera, reintegrados no tesouro da saúde, à força da sua dedicação divina.
No grande momento, porém, quando as sombras do martírio lhe amortalhavam o coração, todos os participantes de suas caminhadas se recolheram à distância da cruz, contemplando-o de longe.
Não se ouviu a voz de nenhum beneficiado, ao pé do Calvário.
Ninguém lhe recordou, no extremo instante, as obras generosas, perante os algozes que o apupavam.
E o ensinamento ficou para que cada aprendiz, no decurso do tempo, não esqueça a necessidade do próprio valor.
(Reformador, outubro 1942, p. 235)