Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Capítulo CII

Comungar com Deus



A fidelidade a Deus e a comunhão com o seu amor são virtudes que se completam, mas que se singularizam, no quadro de suas legítimas expressões.

foi fiel a Deus quando afirmou, no torvelinho do sofrimento: — “Ainda que me mate n’Ele confiarei”. (13:15)

Jesus comungou de modo perfeito com o amor divino quando acentuou: “Eu e meu Pai Somos um”. (Jo 10:30)

A fidelidade precede a comunhão verdadeira com a fonte de toda a sabedoria e misericórdia.

As lutas do mundo representam a sagrada oportunidade do homem para que seja perfeitamente fiel ao Criador.

Aos que se mostram leais no “pouco” é concedido o “muito” das grandes tarefas. O Pai reparte os talentos preciosos de sua dedicação com todas as criaturas.

Fidelidade, pois, é compreensão do dever.

Comunhão com Deus é aquisição de direitos sagrados.

Não há direitos sem deveres. Não há comunhão sem fidelidade.

Eis a razão pela qual, para que o homem se integre no recebimento da herança divina, não pode dispensar as certidões de trabalho próprio.

Antes de tudo, é imprescindível que o discípulo saiba organizar os seus esforços, operando no caminho do aperfeiçoamento individual, para a aquisição dos bens eternos.

Existiram muitos homens de vida interior iluminada, que podem ter sido mais ou menos fiéis, porém, só Jesus pode apresentar ao mundo o estado de perfeita comunhão com o Pai que está nos Céus.

O Mestre veio trazer-nos a imensa oportunidade de compreender e edificar. E, se confiamos em Jesus é porque, apesar de todas as nossas quedas, nas existências sucessivas, o Cristo espera dos homens e confia em seu porvir.

Sua exemplificação foi, em todas as circunstâncias, a do Filho de Deus, na posse de todos os direitos divinos. É justo reconhecermos que essa conquista foi a sagrada resultante de sua fidelidade real.

E Cristo se nos apresentou no mundo, em toda a resplendência de sua glória espiritual para que aprendêssemos com Ele a comungar com o Pai. Sua palavra é a do convite ao banquete de luz eterna e de amor imortal.

Eis porque, em nosso próprio benefício, conviria fôssemos perfeitamente fiéis a Deus, desde hoje.




(Reformador, novembro 1940, página 301)