Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Capítulo XIV

Problema conosco



Reunião pública de 26-5-1961.

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Não os criaria Deus, à parte.

Os gênios perversos das interpretações religiosas somos nós mesmos, quando adotamos conscientemente a crueldade por trilha de ação.


Observa as lágrimas dos órfãos e das viúvas, ao desamparo.

Há quem as faça correr.


Repara os apetrechos de guerra, estruturados para assaltar populações indefesas.

Há quem os organize.


Anota as rebeliões que se transfiguram em crimes.

Há quem as prepare.


Pensa nos delitos que levantam as penitenciárias de sofrimento.

Há quem os promova.


Medita nas indústrias do aborto.

Há quem as garanta.


Pondera quanto aos movimentos endinheirados do lenocínio.

Há quem os resguarde.


Reflete nos mercados de entorpecentes.

Há quem os explore.


Enunciando, porém, semelhantes verdades, não acusamos senão a nós mesmos.

A condição moral da Terra é o nosso reflexo coletivo. Todos temos acertos e desacertos. Todos possuímos sombra e luz.

Consciências encarnadas em desvario fazem os desvarios da esfera humana.

Consciências desencarnadas em desequilíbrio geram os desequilíbrios da Esfera espiritual.

É por isso que o Evangelho assevera: “Ninguém entrará no reino de Deus sem nascer de novo.” (Jo 3:3)

E o Espiritismo acentua: “Nascer, viver, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei.”

Em suma, isso quer dizer que ninguém conseguirá desertar da luta evolutiva.

Continuemos, pois, vigilantes no serviço do próprio burilamento, na certeza de que o amor puro liquidará os infernos, quando nós, que temos sido inteligências transviadas nos domínios da ignorância, estivermos sublimados pela força da educação.




: “Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse telle est la loi.” — Epitáfio insculpido no bordo frontal da pedra que encima o dólmen construído sobre o túmulo de Allan Kardec no Cemitério do Père-Lachaise [], para o qual foram transladados seus despojos. Zeus Wantuil e Francisco Thiesen na obra em três volumes intitulada: “Allan Kardec”, publicada pela Federação Espírita Brasileira, fazem um estudo completo da utilização dessa frase e sua provável origem. — Esta frase encontra-se na página de rosto da edição original francesa dos livros “O que é o Espiritismo” e “O Espiritismo em sua expressão mais simples”