Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Capítulo CLII

Diante da vida social



“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele.” — JESUS (Jo 14:21)


“Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as cousas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade.” —


Espiritualidade superior não se compadece com insulamento.

Se o trabalho é a escola das almas, na esfera da evolução, o contato social é a pedra de toque, a definir-lhes o grau de aproveitamento.

Virtude que não se reconheceu no cadinho da experiência figura-se metal julgado precioso, cujo valor não foi aferido.

Talento proclamado sem utilidade geral assemelha-se, de algum modo, ao tesouro conservado em museu.

Ninguém patenteia aprimoramento espiritual, à distância da tentação e da luta.

As leis do Universo, diligenciando a santificação das criaturas, não determinam que o mundo se converta em vale de mendicância e sofrimento, mas sim espera que o Planeta se eleve à condição de moradia da prosperidade e da segurança para quantos lhe povoam as faixas de vida.

Todos somos chamados à edificação do progresso, com o dever de melhorar-nos, colaborando na melhoria dos que nos cercam.

Justo, assim, possas deter um diploma acadêmico, retendo prerrogativas de trabalho pela competência adquirida, no entanto, será crueldade nada fazeres para que o próximo se desvencilhe da ignorância; natural desfrutes residência dotada de todos os recursos, que te garantam a euforia pessoal, mas é contrário à razão te endeuses dentro dela, sem qualquer esforço para que os menos favorecidos disponham de abrigo conveniente; compreensível guarneças a própria mesa com iguarias primorosas que te satisfaçam a dieta exigente, entretanto, é absurdo esperares que a fome alheia te bata à porta; perfeitamente normal que te vistas, segundo os figurinos do tempo, manejando as peças de roupa que suponhas aconselháveis à própria apresentação, contudo, é estranho confiar vestuário em desuso ao domínio da traça, desconsiderando a nudez dos que tremem de frio.

Apoiemos o bem para que o bem nos apóie. Para isso é preciso estender aos semelhantes os bens que nos felicitam.

Repara a natureza, no sistema de doações permanentes em que se expressa. O céu reparte a luz infinitamente, o solo descerra energias e riquezas sem conta, fontes ofertam águas, árvores dão frutos…

Felicidade sozinha será, decerto, egoísmo consagrado. Toda vez que dividimos a própria felicidade com os outros, a felicidade dos outros, devidamente aumentada, retorna dos outros ao nosso coração, multiplicando a felicidade verdadeira dentro de nós.




(Reformador, março 1963, p. 54)