Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Capítulo CLVIII

Evangelho e paz



“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” JESUS (Jo 14:27)

O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação. — Emmanuel ()


O problema da paz é questão de fraternidade, em todas as latitudes. E o Evangelho do Cristo constitui o manancial divino, em cujas correntes de água viva pode o coração renovar-se para a vitória do legítimo entendimento.

Guerras, discórdias, crises, representam a resultante da grande desarmonia que a ausência do amor estabeleceu no caminho da inteligência.

A concórdia real jamais será incubada por decretos políticos ou por princípios apressados de filosofia salvacionista, nas relações dos homens entre si, e para a harmonia individual não valem tão somente a argumentação da psiquiatria e as descobertas preciosas da ciência médica.

A incompreensão das criaturas torna sombrios todos os caminhos da Terra e o viajor da carne sofre a influenciação da angústia que ele mesmo projeta.

Outro recurso não nos resta, além daquele que condiz com a justa retificação.

O Grande Médico e Sublime Renovador do mundo ainda é o Cristo que revelou o mistério do sacrifício pessoal por lição inesquecível de ressurreição e triunfo.

“Ajuda ao que te persegue e calunia. Ora pelos que te odeiam. Serve sem aguardar retribuição. Renuncia a ti mesmo, toma a cruz da abnegação em favor dos que te cercam e segue, de ânimo robusto, para diante. Se procuras o primeiro lugar, sê o dedicado servo de todos. Aquele que te pede a capa, dá igualmente a túnica. Ao que te exigir a jornada de mil passos, caminha com ele dois mil.”

Semelhantes ensinamentos pairam sobre a fronte da Humanidade, concitando-a à vida nova.

A organização mental é um instrumento que, ajustado ao Evangelho, deixa escapar às vibrações harmônicas do amor, sem cujo domínio a vida em si prosseguirá desequilibrada, fora dos objetivos superiores, a que indiscutivelmente se destina.

Há produção de pensamentos no mundo, como existe a produção de flores e batatas. Criamos, em torno de nós, a atmosfera de ordem ou perturbação, quanto incentivamos a seara de trigo ou suportamos, por relaxamento, a colheita compulsória de ervas daninhas.

Induzindo-nos ao trabalho construtivo com bases no devotamente pessoal pelo bem de todos, a mensagem de Jesus compele-nos a irradiar fé e paciência, serenidade e bom ânimo, com atividade plena e infatigável a benefício da alegria comum. Habituamo-nos, assim, a compreender as necessidades do vizinho, guardando um coração educado para auxiliar sempre, cedendo de nosso egoísmo ao alheio contentamento.

Sob tais moldes, a experiência do lar é mais sadia e mais nobre, o clima de confiança possibilita sólidos alicerces à felicidade e caminhamos para a frente de espírito arejado, pronto a socorrer todas as dores e a contribuir na equação dos problemas de quantos procuram a bênção do progresso junto de nós.

A comunhão com Jesus sublima as secreções ocultas da alma, proporcionando-nos acesso fácil ao manancial de forças renovadoras do ser ou de hormônios espirituais da vida eterna.

Afeiçoando-nos ao Mestre Sublime, seremos verdadeiros irmãos uns dos outros.

Em nosso coração e em nossa mente reside a sementeira da luz. Auxiliando-a com a boa vontade, sob a inspiração ativa e constante da Boa Nova, no esforço mútuo de compreensão das nossas necessidades e problemas que exigem o concurso incessante do amor, alcançaremos, mais cedo, a vitória da saúde e da alegria, do aperfeiçoamento e da redenção.