Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Capítulo CCXXXII

Inesquecível advertência



“… Que te importa a ti? Segue-me tu.” — JESUS (Jo 21:22)


Viste, sim, as desilusões com que não contávamos.

Muitos daqueles mesmos amigos que nos exortavam à estrada certa, enovelaram-se nos cipoais da perturbação, como que petrificados na indiferença.

Companheiros que supúnhamos estandartes vivos nas trilhas da verdade; renderam-se a deslavadas mentiras.

Irmãos que nos prometeram fidelidade inquebrantável deixaram-nos a sós, na primeira dificuldade.

Parentes que nos deviam proteção e respeito bandearam-se para campos de sombra e vício, hostilizando-nos o ideal.

E multiplicam-se tropeços para que a nossa caminhada se obstrua.

Converteram-se estímulos em sarcasmos.

Quem nos dava esperança, fornece negação.

Quem ontem nos ajudava, hoje nos desajuda.

Mãos que nos atiravam flores de aplauso fazem agora chover sobre nós as farpas da incompreensão.

Sozinhos, sim… Muita vez, encontrar-nos-emos, desse modo, entre a expectativa e a solidão.

Nosso primeiro impulso é o de reclamar naquilo que supomos nosso direito; contudo, buscando a palavra do Evangelho, surpreendemos a inesquecível advertência do Senhor: “Que te importa a ti? Segue-me tu.”




(Reformador, fevereiro 1961, p. 26)