Se há crentes aguardando vida fácil, privilégios e favores na Terra, em nome do Evangelho, semelhante atitude deve correr à conta de si mesmos.
Jesus não prometeu prerrogativas aos seus continuadores. O Mestre foi, aliás, muito claro, neste particular. Não estimulou a preguiça, nem criou falsas perspectivas no caminho do aprendizado. Asseverou que os discípulos e seguidores teriam aflições (Jo
Seria inútil induzir-se alguém à coragem, nos lugares e situações onde fosse dispensável.
Se o Mestre aludiu tanta vez à necessidade de ânimo sadio, é que não ignorava a expressão gigantesca dos trabalhos que esperavam seus servidores.
A experiência humana ainda é um conjunto de fortes atribulações que costumam multiplicar-se à medida que se nos eleve a compreensão. O discípulo do Evangelho não deve esperar repouso, quando o Mestre continua absorvido no espírito de serviço. Para ele, férias e licenças na luta deveriam constituir cancelamento de oportunidades.
Alguns se queixam das perseguições, outros se alarmam, quando incompreendidos. Suas existências parecem ilhas de amargura e preocupação, cercadas de ondas revoltas do mundo. Aqui, parentes humilham, acolá, fogem amigos. A ironia perturba-os, a calúnia persegue-os. Mas, justamente nesse quadro é que se verifica a promessa do Salvador.
Responsabilidades e compromissos envolvem sofrimentos e preocupações.
Certo, não pediríamos trabalho a Jesus, nem o receberíamos de sua bondade infinita, para fins de ociosidade ou brincadeira. Estamos em serviço e testemunho.
Aprendizes do Evangelho, encarnados ou desencarnados, teremos aflições nas Esferas terrestres; mas, tenhamos fé e bom ânimo, Jesus venceu o mundo.
(Reformador, outubro 1942, página 236)