17 E sucedeu que, três dias depois, ele convocou os judeus que eram proeminentes e, reunindo-se com eles, lhes dizia: varões, irmãos, eu nada fiz contra o povo ou [contra] os costumes dos pais, porém, desde Jerusalém, fui entregue prisioneiro nas mãos dos romanos; 18 os quais, depois de me interrogarem, queriam me soltar, por não haver em mim motivo [de condenação] à morte. 19 Depois de os judeus contestarem, fui compelido a apelar para César, mesmo não tendo a minha nação algo do que me acusar. 20 Então, por esse motivo, vos chamei para ver e conversar, visto que por causa da esperança de Israel esta corrente me envolve. 21 Eles lhe disseram: não recebemos cartas da Judeia a teu respeito, nem chegou [aqui] algum irmão que anunciasse ou falasse algo de mal a teu respeito. 22 Mas julgamos oportuno ouvir de ti o que pensas, pois sabemos que esta seita é contraditada em todo lugar. — (At
No terceiro dia da nova situação, Paulo de Tarso chamou os amigos para resolver determinados empreendimentos que julgava indispensáveis. Encareceu a diligência de um entendimento com os israelitas. Precisava transmitir-lhes as claridades da Boa Nova. No entanto, era impossível, no momento, uma visita à sinagoga. Sem paralisar, contudo, os impulsos dinâmicos da sua mentalidade vigorosa, pediu a Lucas convocasse os maiorais do judaísmo na capital do Império, a fim de lhes apresentar uma exposição de princípios, que supunha conveniente.
Na mesma tarde, grande número de anciães de Israel compareciam no seu aposento.
Paulo de Tarso expõe as notícias generosas do Reino de Deus, esclarece a sua posição, refere-se às preciosidades do Evangelho. Os ouvintes mostram-se algo interessados, mas, ciosos de suas tradições, acabam tomando atitude reservada e duvidosa.
Quando terminou a oração entusiástica, o rabi Menandro exclamou em nome dos demais:
— Vossa palavra merece nossa melhor consideração; entretanto, amigo, ainda não recebemos nenhuma notícia da Judeia, a vosso respeito. Temos, todavia, algum conhecimento desse Jesus a quem vos referis com ternura e veneração. Fala-se dele, em Roma, como de um revolucionário criminoso, que mereceu o suplício reservado aos ladrões e malfeitores, em Jerusalém. Sua doutrina é havida por contrária à essência da . Sem embargo, desejamos sinceramente ouvir-vos sobre o novo profeta, com a calma necessária. Por outro lado é justo que não sejamos nós, apenas, os ouvintes dessas notícias singulares. Convém que vossos conceitos sejam dirigidos à maioria dos nossos irmãos, a fim de que os julgamentos isolados não prejudiquem os interesses do conjunto.
Paulo de Tarso percebeu a sutileza da observação e pediu que marcassem o dia da pregação a uma assembleia maior, alvitre esse que foi recebido pelos velhos judeus com justo interesse. […]
(Paulo e Estêvão, FEB Editora., pp. 453 e 454. Indicadores 31 a 33)